Seguindo a linha narrativa dos dois capítulos que lhe precedem, “Saw V” inova surpreendentemente o aprumo usual da saga, introduzindo no universo macabro tradicional de torturas e represálias de Jigsaw uma interessante essência de investigação policial que se cruza com os segredos de uma sucessão improvável. Por mais questionável que seja a escolha dos guionistas – as alterações parecem ter sido consequência da necessidade de esticar o produto ao maior número de sequelas lógicas possíveis -, a verdade é que o estreante David Hackl orquestra talvez a película mais completa e interessante desde a obra inicial de James Wan.
Com uma sucessão de jogos ligeiramente menos atraentes e espectaculares que os que deram fama à saga, Hackl compensa, no entanto, no factor imprevisibilidade, conferindo a “Saw V – A Sucessão” uma dinâmica complexa de justificações aliadas a flashbacks explicativos, que adaptam a atmosfera desta quinta história a um ambiente que, tal como o capítulo de estreia, premeia o cérebro sobre o sangue. Com um plano final admiravelmente hábil, que manipula o espectador e confere ao filme outro estatuto, Hackl consegue também contrabalançar a vacuidade dos jogos que envolvem cinco desconhecidos – todos ligados, de formas indirectas e diferentes, a um caso que vitimizou os ocupantes de um prédio que foi deitado abaixo ilegalmente – com uma doutrina de reflexão moral que assenta sobre a devassidão do instinto humano.
Há, também, várias falhas em “Saw V – A Sucessão”, obviamente. Para começar, o anunciado sucessor de Jigsaw para os próximos episódios não me parece ter o carisma necessário para aguentar com o peso de um dos vilões mais personalizados e vigorosos da última década. De seguida, somos presenteados com um par de interpretações medianas, às quais só escapa Julie Benz, a promissora actriz norte-americana que, apesar de uma extensa carreira na televisão, apenas recentemente começou a dar nas vistas na série de culto “Dexter”. Mas, tendo em conta que em qualquer saga – talvez com a excepção da “Guerra das Estrelas” – qualquer sequela após a trilogia inicial costuma ser uma verdadeira desgraça, os admiradores de salutares quebra-cabeças cinematográficos podem dar-se por contentes. Até quando? Eis a pergunta cuja resposta vale milhões, ano após ano.
5 comentários:
Havia de ter terminado como uma trilogia. Jigsaw seria um psicopata de culto. Ainda o é. Ums dos melhores dos últimos anos, mas andam a esticar ao máximo. Parece uma novela da TVI. Jáultrapassaram o razoável. E o novo vilãp não tem estofo pata Tobin Bell. Não, não...
Para mim, a questão do vilão também é a fulcral. Apesar de a coisa ainda se safar com pormenores interessantes aqui e ali, talvez o melhor fosse mesmo ter ficado como trilogia - ou melhor, apenas no segundo, já que o terceiro foi muito fraquinho.
Cumprimentos Ricardo.
Não vi o filme, mas concordo com o que Knoxville disse, deviam ter-se ficado pelo segundo. Os dois primeiros são muito bons... depois disso a qualidade decaiu bastante quando começaram a fazer filmes mais "gore" tirando a essência principal dos dois primeiros... suspense e triller.
Cumps ;)
Adorei o filme! Continua a ser fantástico como os primeiros 4. Poso dizer que sou uma Saw Fan!
DAGC, além disso perdeu o efeito surpresa. Já todos vemos os novos Saw à espera da reviravolta final. Um grande abraço.
Ana Lúcia ;) Cumprimentos.
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