Seis anos após o final da série televisiva que mais marcou a década de noventa, Fox Mulder e Dana Scully regressam para investigar o misterioso desaparecimento de uma agente da FBI que, suspeita-se, está de alguma forma relacionado com um padre católico ex-pedófilo que chora lágrimas de sangue e alega ter visões do rapto da agente. Realizado pelo próprio criador da série, Chris Carter, “Ficheiros Secretos: Quero Acreditar” é o segundo capítulo cinematográfico de uma adaptação que teima em ficar sempre aquém das suas possibilidades.
Ela, Scully, continua a cientista céptica e descrente que nos habituou durante largos anos. Fiel a Mulder – a química entre ambos no ecrã é notável -, ele continua na sua odisseia para descobrir o que realmente aconteceu à irmã, elemento fundamental que desencadeia os comportamentos, crenças e a atitude deste desde os primeiros episódios da série. Estranhamente, quem mais brilha no elenco é o secundário Billy Connolly, convincente personificação enigmática num mistério que, tal como a série nos habituou, acaba por ter duas soluções distintas: a paranormal de Mulder e a científica de Scully. No entanto, a marca mais visível que Carter deixa nesta sequela é a de uma aproximação quase psíquica entre o duo de protagonistas, com vista ao equilíbrio: o “quero acreditar” de Mulder insinua alguma desilusão nas suas convicções e a dúvida de uma cura milagrosa num paciente alguma esperança em algo maior do que a ciência por parte de Scully. Mesmo assim, longe da mitologia portentosa que apaixonou milhares em todo o mundo, o contexto narrativo da película deixa muito a desejar quando comparado com grande parte dos mais de duzentos episódios que contribuíram para o culto. Destaque para o momento hilariante que associa o afamado tema musical da obra a um retrato presidencial de George W. Bush e chamada de atenção para a interessante e simpática cena perdida entre os créditos finais da fita.
2 comentários:
A minha 'desilução do ano'...
A ausência de qualquer referência à Mitologia da série, foi um erro...
Se tivesse sido transmitido como um simples episódio, teria sido razoável.
Concordo abidos. Enquanto episódio, a história poderia funcionar. Enquanto filme que representa quase uma década de episódios, não há justificação para a falta de "desconhecido". Um abraço.
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