“Como Perder Amigos e Alienar Outros” de Robert B. Weide é a adaptação cinematográfica da obra literária homónima de início do século de Toby Young, um excêntrico jornalista britânico que, em meados dos anos noventa, foi contratado pela norte-americana Variety para acompanhar de perto a vida das mais famosas celebridades da altura. Com um tom sarcástico mas infelizmente pouco mordaz em relação ao meio que ridiculariza, Simon Pegg e companhia não deixam de proporcionar alguns momentos de comédia grega insignes, num contexto que se identifica de certo modo com as ambições e os desejos de todos aqueles que, como muitos de nós, trabalham quase de forma clandestina e almejam um dia conviver de perto com todos os que, diariamente, servem de inspiração para infindáveis artigos ou análises.
Apesar do rebuscado título da fita e do processo de auto-sabotagem de valores que, a determinado momento, é evidente na construção narrativa de “How to Lose Friends & Alienate People”, há pouca ou nenhuma vertente moralista e filosófica na película de um dos responsáveis maiores da série televisiva de culto “Curb Your Enthusiasm”. Com um forte elenco secundário – onde alguns segundos de Clint Eastwood a derrubar a personagem de Simon Pegg numa festa de entrega de prémios são suficientes para justificar o visionamento -, em que se destacam os nomes de Megan Fox, Gillian Anderson e Jeff Bridges, é no entanto o talento do inglês Pegg e a improvável empatia romântica deste com Kirsten Dunst – digamos que Pegg nunca teve grande queda para papéis românticos - que concedem ao filme um ameno equilíbrio estrutural. Equilíbrio que é fruto proibido quando o objectivo é a sátira pura – tal como, diz quem o leu, o livro em que se baseia o filme procura.
Em suma, uma abordagem divertida, mas longe de genial, sobre um louco mundo de aparências que nos julga por aquilo que parecemos ser e não por aquilo que realmente somos. Destaque final para uma curiosidade que poucos conhecem: Toby Young, autor do livro, foi expulso das filmagens de “Como Perder Amigos e Alienar Outros” por vários conflitos com Robert B. Weide relacionados com o guião da obra. Um sempre complicado fenómeno que pode explicar muita coisa.
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