quarta-feira, maio 27, 2009

Knowing (2009)

Alex Proyas é conhecido na indústria cinematográfica por ser um visionário e um homem apaixonado pela transposição para o cinema de apocalipses humanos e planetários. Nesta sua nova obra, a primeira após o algo desapontante “I, Robot” – culpa talvez da pressão dos estúdios em fazer do filme o blockbuster que “Dark City” ou “The Crow”, por exemplo, não o eram -, o realizador natural do Egipto explora uma narrativa que envolve Nicolas Cage no papel de um professor astrofísico que tenta evitar que futuras calamidades de nível global aconteçam, à medida que interpreta e resolve combinações numéricas, descobertas numa cápsula enterrada durante décadas na escola do filho.

Inicialmente destinado a Richard Kelly, realizador de “Donnie Darko”, “Knowing” era uma fita que, apesar de estar sobre a pressão dos milhões, precisava de uma mão autoral que lhe concedesse a profundidade meta filosófica necessária para o filme não ser, como tem sido norma, mais um entre muitos – e logo numa altura em que “2012” está prestes a chegar e que o remake de “The Day the Earth Stood Still” não deixou a melhor das impressões no grande público. E sem deslumbrar ou convencer por absoluto, a verdade é que “Sinais do Futuro” é uma obra severamente interessante, desenrolada numa atmosfera profética e misteriosa de excepção. Sempre a bom ritmo, Proyas leva o filme com sucesso para territórios perigosos – não é fácil tentar justificar filosofias como o determinismo ou o livre arbítrio – e, apesar das muitas lacunas a nível interpretativo e gráfico, constrói uma história fluida que frequenta lugares pouco comuns no género.

O final ambicioso, que fecha um ciclo que começara na conversa inicial entre pai e filho, será certamente o elo de ligação à fita que levará o espectador a adorar ou abominar o filme. O conceituado crítico de cinema norte-americano Roger Ebert, por exemplo, diz que “Knowing” é um dos melhores filmes de ficção científica que já viu. Outros, afirmam que não passa de uma mistura barata de “Guerra dos Mundos”, “E.T” e “Encontros Imediatos de Terceiro Grau” – curiosamente, todos eles do mestre Steven Spielberg. Independentemente do julgamento feito por cada cinéfilo, a componente religiosa, científica e simbólica de “Sinais do Futuro” merece uma oportunidade prévia. E Proyas, magnânimo a criar terror onde ele nem sequer existe, a nossa confiança para futuras obras do género. Por fim, resta apenas destacar negativamente a campanha promocional do filme, que oferece nos variados vídeos de antecipação desenvolvimentos que deveriam, para a verdade do cinema enquanto arte, ficar ocultos.

10 comentários:

ArmPauloFerreira disse...

Já percebi que foi o caro Knoxville quem escreveu o artigo para a Take. Gostei muito da leitura desta critica ao filme na Take... está um bom texto, e apesar de não ter visto o filme ainda transmite a vontade de o ver.

bsqt disse...

foi dos piores filmes que vi este ano. o Ebert estava bêbedo quando escreveu a crítica.

Tiago Ramos disse...

Ando há muito tempo para ver este filme, mas ainda não consegui. E tem opiniões sempre tão diferentes...

F. disse...

Está melhor escrito texto do que realizado o filme. E eu até gostei do filme portanto isto deve ser um elogio.

Unknown disse...

Apesar de não ter gostado tanto como tu, ainda gostei bastante da fita. Apreciei especialmente o ambiente negro, muito negro, com que foi filmado. A filmagem de Proyas potenciou, de facto, um sensação, a espaços, de claustrofobia mesmo aquando de vastos cenários. Tudo parece muito real e os CGI são geniais.

Ainda assim, poderia ter tido uma linha narrativa mais coesa e, de certa forma, menos previsível.

Abraço

dianamatias disse...

epá. acho que a presença de Nicolas Cage é um presságio... não é que seja mau actor, mas...

CP disse...

Até não desgostei do filme mas daí a achá-lo um dos marcos do cinema de ficção científica vai um bom bocado.
Concordo plenamente contigo quando dizes que o material de promoção desvendava muito do filme. É terrível quando isso acontece e os estúdios envolvidos no processo deveriam ter muito mais cuidado.

Cinema Paradiso disse...

Foi um filme "girote" com CGI como foi dito. Agora o final mete dó. Completamente ridículo. Mas é um bom filme para ver.

Carlos M. Reis disse...

Filme de opostos. Até na apreciação do final, que para mim foi a melhor escapatória possível.

Obrigado a todos pelos comentários, são muito importantes para mim :)

inara disse...

achei lindo e poético um fim como todos esperam tanto os científicos como os religiosos, mais seja numa catástrofe ou individualmente todos iremos partir o importante e o que fizemos de bom na terra e para a terra.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...