Porquê? Eis uma questão chave de construção narrativa que faltou ao jovem realizador Jonathan Levine na sua longa-metragem de estreia, “All the Boys Love Mandy Lane”. Tudo o que acontece ao longo de hora e meia, bem ou mal executado, carece de uma justificação final que explique a razão de toda a sua trama. Mas comecemos pelo título: é o melhor que o filme tem. Ao rejeitar os padrões típicos do género – usando, inclusivamente, a lógica oposta -, cria uma conjuntura de esperança por algo diferente e original. O contexto independente em que foi montado, com pouco dinheiro e pensado para uma estreia absoluta no Festival de Toronto, reforçava essa expectativa. Pois bem, três anos depois de Toronto, percebe-se agora a razão pela qual “Sedução Mortal” demorou tanto tempo a estrear comercialmente um pouco por todo o lado. E se o fez agora, bem pode agradecer ao sucesso inesperado de “The Wackness”, comédia romântica de 2008 que despertou a curiosidade de um sem número de cinéfilos sobre as capacidades de Levine – que afirmavam que Jonathan poderia ser mesmo o próximo Cameron Crowe em Hollywood.
No seu sumo, não há mesmo nada em “All the Boys Love Mandy Lane” que destrone as armadilhas comuns do género. As personagens estão longe de ser tridimensionais e a personagem central, Mandy Lane, não passa de um exemplo de mulher bela e formosa, de olhos azuis, cabelo loiro, sorriso encantador e virgindade promitente. Mas uma personalidade que cative o espectador? Longe disso. Faltou a Amber Heard um pouco da sagacidade de Veronica Mars. Aos restantes membros do elenco, faltou tudo – Whitney Able, por exemplo, não passa de uma Paris Hilton wanna be - e o seu destino era, mais do que esperado, justo. Esqueçam uma futura sequela, que poderia dar muito bem pelo nome “All the Boys Hate Mandy Lane”.
A história é simples – para não dizer que é a do costume: Mandy Lane é a rapariga mais sexy do liceu, desejada por rapazes, invejada por raparigas. Na esperança de a conquistarem, um grupo de estudantes organiza uma festa num rancho isolado. Tudo sobre rodas até os jovens irem aparecendo mortos, um por um. Quem será o culpado? Bem, nem isso é escondido. A previsibilidade durante os assassinatos é tanta, que o freguês desconfia e sabe que terá de haver uma reviravolta final inesperada. E qual a única possível? A que acaba por acontecer. Tremenda desilusão que nem esse trunfo tenha sido aproveitado nesta obra de terror de adolescentes... para adolescentes. Porquê?
1 comentário:
Já tinha lido a tua crítica na Take.
O filme não é por si só nada de especial, mas transporta uma frescura pouco usual em filmes do género. O twist final é refrescante, embora não consiga suportar todo o filme. Contudo, não me parece que o facto de não ter um motivo interesse... afinal às vezes há coisas que se faz por puro gozo.
Além disso, a banda sonora está bastante boa para o género.
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