Realizado pelo australiano Robert Luketic, “The Ugly Truth” é uma comédia romântica light centrada na guerra dos sexos e nos seus pressupostos mais crus e animalescos. Descontraída e inofensiva – a ousadia pisa o risco em certos momentos mas nunca o ultrapassa, como um cão que ladra mas nunca morde -, a narrativa apresenta como cortina de fundo o mundo da produção de programas televisivos, onde a inevitável guerra das audiências irá dar origem a um choque de personalidades e valores entre Heigl, a produtora, e Butler, o apresentador televisivo sem escrúpulos no que pensa e no que diz. Em prol de um ordenado, é bom que se entendam, pensa a administração, sedenta de ratings e shares.
Apesar de reintroduzir os valores clássicos da comédia romântica de Hollywood – um dos aspectos que foi mais aplaudido por várias esferas da crítica nacional e internacional -, a verdade é que essa reutilização acaba por ser pouco imaginativa e Luketic, habituado ao género, deixa-se levar inexplicavelmente pelos clichés mais previsíveis e patetas possíveis em “ABC da Sedução”. Por isso, a dúvida instala-se: não estará o australiano melhor entregue a outro tipo de fitas? A sua única experiência fora da sua aparente zona de conforto (“21”) deixa antever que sim. E o remake do clássico de culto “Barbarella”, agendado para o próximo ano, poderá muito bem marcar definitivamente uma viragem na carreira do realizador.
Mas voltando a “The Ugly Truth”, nem tudo é um bicho-de-sete-cabeças. Existem cenas genuinamente divertidas e a química entre Gerard Butler e Katherine Heigl é, além de inegável, sexy e natural – o que é cada vez mais raro nos dias que correm. As falhas de caracterização das suas personagens não abrandam ou prejudicam a performance da dupla e nem os diálogos muitas vezes burlescos de Butler o afastam de um carisma impressionante, que cativa a audiência a gostar dele, por mais perfeito que seja qualquer médico ortopedista que apareça de pára-quedas – ou, neste caso, de toalha - na trama. E Heigl, quando convocada a provar que é mais do que uma cara bonita, convence a plateia com um orgasmo que só fica atrás do de Meg Ryan em “When Harry Met Sally”. Por fim, resta fazer referência a um dos mais brilhantes cartazes promocionais desta década, tão simples como brilhantemente caprichoso.
5 comentários:
É bem giro
Knox, já vi que és fã das comédias românticas. :)
isto é caso para MEDO! heheh :p
Sou obrigado a concordar com a tua análise. Não será de todo um filme exemplar na medida que cai em evitáveis estereótipos lá para o final da fita mas não existem dúvidas que consegue manter a originalidade durante uma significativa parte da sua duração. COntinuo a considerar que Butler tem jeito para a coisa e Heigl este muito bem. ENfim, um bom filme para se visualizar num período de relaxamento.
Abraço
Primeiro aniversário Cinemajb.
Parabéns a ti!
Abraço
http://cinemajb.blogspot.com/2009/09/1-aniversario-cinemajb.html
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