Segundo o calendário da civilização Maia, a vida no planeta Terra acaba no dia 21 de Dezembro do ano de 2012 – isto, claro, se associarmos o fim do calendário ao fim do planeta. Mito? Esperamos todos que sim, obviamente, mas para o alemão Roland Emmerich esta é apenas mais uma oportunidade de ouro para fazer o que sabe como poucos outros: filmes sobre catástrofes ao nível planetário. Não haja dúvidas: Emmerich, quer goste-se ou não do seu estilo, é o pai dos assim chamados “Disaster Movies” – sendo que o já falecido Irwin Allen será o avô. Obras como “Independence Day”, “The Day After Tomorrow”, “Godzilla” ou o mais recente “10,000 BC” provam que o talento e a capacidade do realizador alemão para mostrar o impossível não tem limites.
Daí que não seja de estranhar que na guerra dos estúdios pela compra dos direitos do filme, a Sony – detentora da Columbia – não tenha hesitado em oferecer a Emmerich um orçamento de 200 milhões de dólares. E que mensagem é transmitida ao realizador alemão com esta disponibilidade financeira? Quanto mais houver para gastar, menor a necessidade de focar o espectador numa narrativa dramática consistente e, porque não, coerente. Interessa sim agradar ao olho e ao sentido de espectáculo de modo a que a promoção do filme não passe uma ideia errada ao grande público, devorador de toda e qualquer catástrofe no grande ecrã. De miúdos a graúdos, de ocidentais a orientais, são poucos os que resistem a um blockbuster que destrói a Casa Branca em poucos segundos ou que mostra no seu trailer cidades inteiras a serem engolidas pelo mar. E neste sentido, “2012” triunfou categoricamente, como se pode confirmar pelos resultados de bilheteira a nível nacional e internacional.
Depois há ainda uma trivial história de amor, onde John Cusack é o homem banal que se transforma em herói para salvar os filhos e a mulher que ama. De carros a atravessarem prédios em queda a aviões a levantarem voo em condições impossíveis, nada importa quando o modo “salve-se quem puder” está activado. E em “2012”, o acelerador está encostado ao fundo praticamente desde o primeiro minuto. A nível interpretativo, destaque evidente para os secundários Woody Harrelson e Chiwetel Ejiofor e ainda para Amanda Peet, que personagem vazia após personagem vazia continua a dar provas que tem tudo o que precisa para triunfar com um grande realizador e uma personagem forte – como foi o caso na série televisiva “Studio 60 on the Sunset Strip”. O futuro, no entanto, parece continuar suspenso para a talentosa actriz. Em suma, “2012” é um cocktail pirotécnico que leva a capacidade de uma sala de cinema ao seu limite, mas não a inteligência e os sentimentos do espectador. Ou seja, nada mais do que se estava à espera.
2 comentários:
Em traços gerais, concordo totalmente com a crítica.
Por isso mesmo é que não percebo as tres estrelas...
Abraço
Gostei muito da crítica, com a qual concordo. Inclusive, se assemelha ao que eu disse em minha abordagem do filme (http://bit.ly/bss460).
gostei de teu blog, te linkarei no naupati. um abraço!
Enviar um comentário