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Filho do célebre realizador eslovaco Ivan Reitman, responsável por clássicos da comédia como "Ghostbusters" (1984), "Twins" (1988) ou "Junior" (1994), Jason Reitman é, aos trinta e dois anos de idade, um dos mais promissores realizadores norte-americanos da actualidade. Depois do surpreendente "Obrigado por Fumar" e do acolhedor e harmonioso "Juno", uma das melhores fitas dos últimos anos, Nas Nuvens é a confirmação de que Reitman é um cineasta soberbo ao nível da imagem, na relação custo-proveito, na fusão sono plástica e na construção narrativa cómico-dramática, sempre equilibrada e suportada por diálogos tão simples como eficazes e cativantes. Mas será a mestria técnica de Reitman suficiente para compensar um filme que vai perdendo fôlego ao longo dos minutos, repetindo lugares comuns e falsos moralismos psicossociais, sem um único momento de génio que fique guardado na memória futura do espectador?
A resposta certamente variará de cinéfilo para cinéfilo. Verdade seja dita, depois da previsível epifania relacional e comportamental que ocorre com a personagem de George Clooney, Reitman orquestra um desfecho genuinamente inesperado e agridoce, tão cruel como o amor muitas vezes o é. Obra de uma geração moderna para outra, "Up in The Air" não é o melhor exercício prático de Reitman na sua ainda curta carreira, mas não deixa de ser a confirmação de que o norte-americano está definitivamente talhado para muitas estatuetas nas próximas décadas – e, quem sabe, já este ano. A nível interpretativo, Clooney carrega o filme às costas com categoria – e muito charme -, sendo bem coadjuvado pelas secundárias Vera Farmiga e Anna Kendrick. Os três, bem como Reitman e o próprio filme, estão nomeados para as principais categorias dos Óscares, mas dificilmente sairão vencedores devido à forte concorrência. Em suma, e parafraseando Dana Stevens, "Nas Nuvens" é um filme cujos seus trunfos tornam-no irresistível, impossível de não gostar. E é exactamente isso que o torna tão entediante.
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3 comentários:
Concordo com a pontuação e com a crítica em si...
Não achei o filme estonteantemente genial, mas gostei. E por quê? Primeiro porque é "oportunista" o suficiente para surgir na altura certa... a conjectura económica faz de Up in the Air um filme actual. Mas tocou-me principalmente porque me encaixo no público alvo. Não porque esteja desempregado, mas porque trabalho em recursos humanos e estou habituado a encarar essa realidade que é despedir pessoas. Nada fácil.
Dfms, mais uma vez, estamos em sintonia ;) Cumprimentos, obrigado pela visita regular.
Tiago, concordo completamente quando dizes que o filme surge na altura certa. De resto, percebo que o contexto tenha influenciado a tua opinião, o que é completamente natural (e saudável) ;) Um abraço.
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