Baseado em “Stanno tutti bene”, de 1990, do conceituado realizador italiano Giuseppe Tornatore, “Everybody’s Fine” é um leve drama familiar – e não uma comédia dramática, como foi erroneamente divulgado em Portugal – que narra a história de Frank Goode (Robert De Niro), um pai de família viúvo que, depois dos seus sessenta, (sobre)vive só e abandonado em função das raras reuniões familiares que organiza em sua casa com os três filhos. Quando todos eles desmarcam-se do próximo encontro, por razões diversas, Frank decide pôr-se à estrada e ir visitar, de surpresa, cada um dos seus filhos. E essa aventura inesperada, entre estradas e mentiras, irá mostrar-lhe que as vidas dos seus filhos estão longe de ser o que aparentam.
Escrito e dirigido pelo britânico Kirk Jones, autor de “Nanny McPhee - A Ama Mágica” e “Quem Tramou Ned Devine”, “Estão Todos Bem” conta um elenco de excepção onde, infelizmente, nomes como Drew Barrymore, Kate Beckinsale e Sam Rockwell são subaproveitados em função da divisão – obrigatória, diga-se de passagem - do guião em momentos isolados para cada uma das suas personagens e, felizmente, porque em cada um deles é o touro enraivecido De Niro que rouba o protagonismo com uma interpretação genuína e autêntica, de longe a melhor dos últimos anos, onde tem arrecadado mais dólares do que aplausos, em papéis extremamente estereotipados. Eficaz e honesto com a mensagem do filme, mas também consigo mesmo, De Niro leva o seu público-alvo (pais e avós por esse mundo fora) a identificar-se com a sua personagem, bem como os mais novos a pensarem quantos de nós não temos um pai como Frank.
Obra sobre as relações humanas e familiares num mundo globalizado – com uma pitada de road trip movie -, onde a possibilidade de estarmos conectados a qualquer momento graças às novas tecnologias apenas nos leva mais tarde a perceber o quanto estamos realmente afastados de quem gostamos, “Estão Todos Bem” é um filme simpático que merece ser recomendado a todos, e não só a um público mais maduro, nem que seja pelo regresso leal de De Niro ao seu melhor. E prova disso é que nem lhe faltou a oportunidade para proferir lá pelo meio uma variação ao seu célebre “you talking to me”.
1 comentário:
Desculpa, mas acho mais do que "um filme simpático". Como se não bastasse a portentosa interpretação do meu actor de eleição, De Niro é ainda suportado por um elenco fantástico, entre os quais o grande Sam Rockwell.
Merecia mais protagonismo, mas é por se tratar de um elenco com esta qualidade. O filme é apenas e só de De Niro, e creio que a pergunta que fica no ar é: se o elenco fosse mais fraco, achávamos mal De Niro ter todo o tempo de antena?
Grande abraço!
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