terça-feira, abril 06, 2010

A Serious Man (2009)

Larry Gopnik, nos bons e nos maus momentos, sempre tentou ser um homem digno e sério. Nem sempre isso valeu-lhe de muito, tanto na sua vida pessoal como profissional, mas ao menos vivia bem consigo mesmo. Mas será que valerá a pena continuar assim, socialmente correcto, quando todo o seu mundo parece desabar de um momento para o outro? Quando a sua mulher troca-o por outro homem, quando um aluno tenta suborná-lo e vira o “jogo” contra si, colocando em risco o seu estatuto na escola ou quando a jeitosa da vizinha o seduz? O desespero de Larry é grande e parece não haver uma atitude correcta para nada na sua vida, seja para que lado for.

A mais recente comédia negra – ou supostamente assim devia ser – dos irmãos Coen é trabalho puro de narcisistas, duas mentes desequilibradas que no alto do seu ego brincam com o seu próprio estatuto de culto. O resultado é “A Serious Man”, um filme que eleva o termo “reles” ao seu superlativo máximo. Nada do que os irmãos filmam em “Um Homem Sério” parece querer levar o espectador a lado algum que não ao desespero. Cada minuto que passa faz-nos perder a paciência, ainda para mais quando percebemos que toda aquela história não vai transportar-nos a lado nenhum e as personagens patéticas e entediantes, caricaturas de um judaísmo arcaico, não são mais do que instrumentos para a verborreia estéril e artística dos Coen. Não fosse este um filme com a sua assinatura, e certamente não teria sido aclamado e nomeado a importantes galardões como foi. Inexplicavelmente, nem sempre o preço da fama é negativo.

Para terminar, dois destaques: pela positiva, o desempenho de Michael Stuhlbarg no papel principal, que encara a “anedota” da sua personagem de maneira certamente adequada às pretensões dos Coen; extremamente pela negativa, o prólogo completamente absurdo, que ainda hoje ninguém na indústria, da crítica ao público, parece ter percebido como encaixa no restante filme. Talvez fosse esse mesmo o objectivo dos Coen... mas já não há paciência para estes fogachos atarantados da dupla norte-americana. Por favor voltem à categórica classe de “Fargo” ou “Este País Não é para Velhos” ou à magistral tenuidade de “O Grande Lebowski” o mais rápido possível e deixem-se de mariquices.

3 comentários:

Rui Francisco Pereira disse...

Lol, "deixem-se de mariquices". Será assim tão amaricado este filme?

Pessoalmente, os Coen pouco me dizem.
Gostei do Este Pais Nao e para Velhos e achei piada ao Brad Pitt em Destruir Depois De Ler.

Tirando isso, Fargo, Big Lebowski e afins são filmes que me passaram completamente ao lado..

Alias, pensei que nao gostasses do Fargo.

Abraço

Carlos M. Reis disse...

O filme não é amaricado... é sim uma verdadeira m###a. Quanto ao Fargo, realmente não sou grande fã do filme mas reconheco-lhe todos os atributos geniais técnicos e narrativos que lhe atribuem. Simplesmente tiveram pouco impacto em mim. A este "Serious Man", nada se salva.

Um grande abraço!

Jukxs disse...

Permita-me discordar. A Serious Man pode não ser um grande filme, mas é um bom filme. Tem boas interpretações, personagens diferentes, interessantes e ricas do ponto de vista narrativo. Uma excelente fotografia de Roger Deakins. Uma boa banda sonora (a música dos Jefferson Airplane, Somebody to Love, foi uma excelente escolha e é uma das chaves que ajudam a decifrar o filme).
É um filme dos Coen, não é um filme fácil de gostar, porventura mais fácil de odiar. Eu,pessoalmente gostei, fez-me pensar em coisas como: Vivi bem a minha vida? Valeu a pena ter vivido a vida com seriedade e ter respeitado as "regras" impostas pela sociedade?
Os Coen proporcionam ao espectador momentos brilhantes em todos os filmes, misturados com um humor negro, próprio e inconfundível. Poucos o conseguem.
Os seus filmes são complicados, mas a vida também é complicada. Citando uma frase deste mesmo filme: " It’s not always easy, deciphering what God is trying to tell you ".
O mesmo se aplica a este filme.
Perdoe-me o atrevimento, mas realmente penso que foi demasiado duro com o filme ao dizer que nada se salva. Adoro ler o seu blog e a Take também. Cumprimentos.

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