"The Cove – A Baía da Vergonha" acompanha a odisseia de redenção do mais conhecido treinador de golfinhos do planeta, o norte-americano Ric O’Barry em Taiji, Japão, onde milhares de golfinhos são encurralados e assassinados de forma absolutamente chocante às escondidas do mundo e, quem diria, dos próprios japoneses. Responsável pelo enclausuramento e treino dos golfinhos da aclamada série "Flipper" nos anos sessenta, O’Barry prometeu lutar pela liberdade destes a partir do momento em que a estrela televisiva animal mais famosa do planeta deixou voluntariamente de respirar nos seus braços, tal a depressão que enfrentava. Com problemas com as autoridades em todos os cantos do mundo – a certa parte do filme diz já ter perdido a conta à quantidade de vezes que já foi preso por tentar libertar golfinhos de piscinas naturais ou aquários -, Ric juntou-se ao realizador Louis Psihoyos e à Ocean Preservation Society para revelar ao mundo a “verdade escondida”. O que se passa nos meses seguintes é uma verdadeira tour de force de espionagem e cinema eco-verité. No seu melhor.
A razão de tal empolgamento é simples: a equipa formada por O’Barry e Psihoyos é multi-disciplinar, talentosa, divertida, corajosa e está, acima de tudo, empenhada em não sair do Japão de mãos a abanar, ou seja, sem provas da vergonha que lá se passa. De especialistas em efeitos especiais – importantes para conseguir dissimular câmaras de filmar nos rochedos - a mergulhadores profissionais ou ex-militares, com equipamentos governamentais de identificação térmica ou visão nocturna, "The Cove" apresenta através desta dinâmica de missão secreta um documentário excitante, repleto de suspense, ao qual nem falta a vigilância constante do chefe da polícia local para dificultar as coisas. Uma aventura ecológica arriscada e provocadora com o objectivo de oferecer ao mundo uma visão crua de umas baías onde a esperança e o que faz de nós humanos já morreu há muito tempo. Agora, só uma decisão política global pode dar uma reviravolta na matéria. Daí Ric O’Barry terminar o documentário em terra firme, de pés bem assentes no chão, desvendando a quem de direito o massacre de Taiji.
Tecnicamente, "The Cove" é uma obra com uma montagem e cinematografia brilhantes, ao qual nem uma sonoplastia cuidada escapa, particularidade normalmente esquecida ou pelo menos desprezada em trabalhos de investigação jornalística como este. Como foi escrito por um crítico norte-americano, em "The Cove – A Baía da Vergonha" “Michael Moore meets Michael Mann”. E estas cinco palavras devem ser mais do que suficientes para o convencer a ver este documentário premiado com o Óscar na sua categoria específica e com o prémio do público em Sundance, sem ser sequer preciso relembrar de que se tratam de dóceis e simpáticos animais, dotados de capacidades incríveis na comunicação inter-humana, que estão a ser selvagemmente trucidados sem o mínimo respeito pela sua vida.
1 comentário:
Cólera é o sentimento que fica desta iniciativa de Richard O’Barry, que muitos talvez se lembrem da série televisiva Flipper. Revela as atrocidades que têm acontecido no Japão, com a chacina sucessiva de mais de 20.000 golfinhos por ano e o consumo de carne de golfinho com níveis elevadíssimos de mercúrio pelas crianças japonesas. E mais, muito mais. O Japão tem procurado enganar de uma forma ininterrupta a IWC, única organização (agência sectorial da ONU) que pode impedir a chacina e, para esse efeito, tem contado com os votos de alguns países. A troco de dinheiro, mulheres e construção de estaleiros marítimos. Vejam www.thecovemovie.com, o vídeo introdutório com actores de Hollywood, subscrevam as petições, indignem-se e revoltem-se!
Enviar um comentário