Como é que nunca ninguém tentou ser um super-herói? Quando Dave Lizewski (Aaron Johnson), um adolescente como tantos outros em Nova Iorque, veste um fato chunga verde e amarelo comprado na internet e decide transformar-se num vigilante de rua, rapidamente arranja uma resposta para a sua própria pergunta: porque ser um super-herói... magoa. A sua primeira experiência resulta numa facada quase mortal mas, surpresa das surpresas, e graças ao fenómeno “youtube”, Dave é elevado a fenómeno nacional. No entanto, longe estava ele de imaginar que não era o único super-herói em Nova Iorque e que tinha acabado de se intrometer numa cruzada contra um mafioso local dos verdadeiramente temíveis Big Daddy (Nicolas Cage) e respectiva filha Hit-Girl (Chloe Moretz).
Realizado pelo trintão britânico Matthew Vaughn (até agora apenas responsável pelo singular “Layer Cake” e pelo algo trivial “Stardust”), “Kick-Ass - O Novo Super-herói” é uma das mais divertidas fitas dos últimos anos, um verdadeiro hino ao entretenimento inocente, absurdo e despreocupado, sem que para isso necessite de evitar o rótulo severo da violência extrema ou recuse-se mesmo a jorrar algum sangue entre facadas e bazucas. É nesta dicotomia provocadora – mas saudável - que Vaughn orquestra uma adaptação excêntrica – mas fiel – da BD de Mark Millar e John Romita Jr., datada de 2008. Reinvenção clara do género cinematográfico em que se insere, “Kick-Ass” ainda arranja tempo para servir de reflexão ao efeito da cultura popular nas “novas” gerações e nas consequências de actos baseados nos comportamentos tradicionais de figuras estandarte das nossas sociedades.
Repleto de lacónicas homenagens a filmes, séries de televisão, bandas-desenhadas ou mesmo às composições sonoras dos westerns de Morricone, “Kick-Ass” esbanja energia catita em todas as suas cenas e diálogos, através da inteligente máxima que apropriou e adaptou: nenhum poder obriga a nenhuma responsabilidade. Com um elenco modesto mas ultra-competente (Cage cumpre e Mark Strong é possivelmente o melhor actor “vilão” da actualidade), destaque para Moretz, que com a sua Hit-Girl rouba todo o protagonismo da obra e conquista o público com uma presença tão fofa quanto mortífera, numa mistura entre a vingativa Noiva de Tarantino e a doce Matilda de Besson. Personagem instantânea de culto, é por ela que salivamos para a já prometida sequela “Kick-Ass 2: Balls to the Wall”, agendada para o Verão de 2012.
6 comentários:
Desculpa lá, já tinha dito isso noutro lado, mas fiel é coisa que o filme não é, relativamente à sua fonte (a BD). Não estou a dizer que é mau, antes pelo contrário, estou completamente de acordo com a nota que foi dada ao filme. Mas, se fosse realmente fiel à BD, penso que seria (ainda) melhor!
Também gostei muito deste filme...a Hit Girl é espectacular :)
Não conheço a BD e por isso não consigo fazer qualquer associação entre o filme a os livros.
Anónimo, na minha opinião foi uma adaptação excêntrica e pessoal, mas bastante fiel até em relação ao que é costume no género. Aliás, se pesquisarmos pela internet, vemos que essa é a opinião da maioria dos adeptos da BD. Mas respeito completamente a tua opinião, muito provavelmente até conheces melhor a BD do que eu, que só a comprei depois de ter visto o filme e passei os olhos. Cumprimentos.
Nasp ;) Um abraço.
As críticas têm sido mto positivas, tenho de ver!
Já vi críticas muito positivas e outras muito negativas.
Se não concordo nada com os que tratam o filme como uma obra desprezível, também não posso concordar, como já li pela blogosfera, com quem o equipara a Tarantino.
Uma engraçada dose de ultra-violência, que entretém e nada mais por aí além. É a Hit Girl que faz o filme, no fundo. Uma bela cena, em que está a miúda a disparar com uma câmara mesmo "à lá first person shooting".
Gostei, nada mais.
Diogo e Djamb, cumprimentos, obrigado pela visita ;)
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