Um assassino em série está à solta nas ruas de Manhattan, perseguindo criminosos que se safaram da justiça devido a “imperfeições” do sistema. Verdadeiro vigilante, “amigo da polícia” dizem alguns, deixa com as vítimas poemas de quatro versos com as razões da sua escolha. Basicamente, e nas suas palavras, a missão do vingador é fazer aquilo que a polícia quer mas não pode. Para resolver o mistério e apanhar o vilão-herói, são destacados Turk (Robert de Niro) e Rooster (Al Pacino), dois dos mais condecorados detectives nova-iorquinos. E quando a dupla começa a investigar, tudo parece indicar que afinal de contas é mesmo um polícia que está por detrás de todos os crimes.
“A Dupla Face da Lei” está longe de ser um filme tão mau como foi levianamente rotulado um pouco por toda a imprensa nacional aquando da sua estreia em terras lusas. Numa espécie de “feitiço contra o feiticeiro”, não há dúvidas que foram as insuperáveis expectativas de mais um confronto de titãs no ecrã entre De Niro e Al Pacino que acabaram por provocar reacções tão adversas um pouco por todo o lado. Numa jogada de puro marketing, Jon Avnet (realizador do vulgar “88 Minutes” e do interessante “Fried Green Tomatoes”) conseguiu reunir a dupla eterna de “Heat” e colocá-los numa trama policial aparentemente semelhante ao da fita de Michael Mann. O problema é que não basta levar o espectador ao cinema com um sorriso, é preciso tirá-lo de lá satisfeito no final. E Avnet não é Mann – nem de perto nem de longe – e, apesar de conseguir alguns momentos deliciosos e únicos de química entre os dois monstros da sétima arte, principalmente nas cenas em que os coloca frente-a-frente em amena cavaqueira, com alguns close-ups interessantes, as comparações inevitáveis a todos os níveis com “Heat” aniquilaram aquele que, com um elenco banal, provavelmente seria considerado um exercício narrativo seguro e hábil, ou não fosse o guião da autoria de Russell Gewirtz, o mesmo por detrás de “Inside Man”. Assim, ficam para a história duas interpretações que, apesar de não quebrarem barreiras – haverá ainda alguma a ser quebrada por estes dois? -, comprovam que, a chegar aos setenta, ambos ainda têm categoria para nos presentear com o melhor de Corleone ou Bickle. Infelizmente, não depende só deles.
3 comentários:
" Assim, ficam para a história duas interpretações que, apesar de não quebrarem barreiras – haverá ainda alguma a ser quebrada por estes dois? -, comprovam que, a chegar aos setenta, ambos ainda têm categoria para nos presentear com o melhor de Corleone ou Bickle"
Excelente frase esta, a ir de encontro à tua excelente crítica.
O filme, é um excercício vazio e interesseiro.
Vale o que vale...
Grande abraço ;)
P.S.-Concordo totalmente com o utilizador de cima xD LOLOL
Também escrevi no meu blogue sobre estas duas interpretações absolutamente fantásticas.
Obrigado pela visita Jackie e José. Cumprimentos.
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