terça-feira, novembro 16, 2010

The Social Network (2010)

Facebook. Provavelmente uma das ferramentas comunicacionais e sociais mais importantes do novo milénio. “A Rede Social”? Um retrato fascinante, sombrio e cativante sobre a sua criação, os dilemas, as traições e os julgamentos que fizeram de Mark Zuckerberg um jovem bilionário tão genial quanto desleal. Génio, profeta ou traidor, cabe ao espectador decidir o rótulo a atribuir à personagem principal, ou não tivesse David Fincher, um dos mais completos e competentes realizadores mainstream de Hollywood, deixado via aberta a diversas interpretações da narrativa, explorando todas as partes envolvidas com o mesmo peso e harmonia estrutural. Filme paradoxal, irónico no desequilíbrio entre a premissa da invenção revolucionária e o desfecho solitário que a mesma provocou, “The Social Network” é uma obra poética – no seu estilo geek – sobre uma nova geração, com arcaboiço para arrecadar vários prémios nas cerimónias que se aproximam.

Com uma narrativa magistralmente orquestrada e trabalhada pelo superior Aaron Sorkin, o mesmo que deliciou milhares – sendo eu um deles - com a sobriedade e qualidade ímpar de séries como “The West Wing” ou a injustiçada, mas não menos fantástica, “Studio 60 on the Sunset Strip”, a fita de Fincher conta ainda com uma banda sonora hipnotizante, ao bom estilo industrial e caliginoso de Trent Reznor (Nine Inch Nails). Com interpretações virtuosas de todo o elenco – com destaque, obviamente, para Jesse Eisenberg e o seu paranóico, aflitivo, triste e obsessivo Zuckerberg, mas também para Andrew Garfield, que na pele do co-fundador Eduardo Saverin é o único a conquistar inequivocamente a empatia do público –, “A Rede Social” inicia as hostes com um diálogo exímio a todos os níveis – incluindo a sua montagem vertiginosa – e termina com uma cena tremendamente simbólica, com os mesmos protagonistas, mas desta vez com um computador – e não uma mesa de um bar – pelo meio. Com uma fotografia de tons escuros e frios, tecnicamente pouco ou nada pode ser apontado ao filme de Fincher. No entanto, e mesmo apesar de todas as suas virtudes, a soma de todas as partes sabe, inexplicavelmente, a pouco. Mas a muito mais do que qualquer um de nós imaginou quando o projecto de “um filme sobre o Facebook” foi anunciado, há dois ou três anos atrás.

11 comentários:

Filipa Silva disse...

Quatro estrelas, já ouvi dizer muito bem do filme, mas também já me dizeram que não é grande coisa, pode ser que arranje tempo e acabe vendo.

A Bola Indígena disse...

Trata-se de uma semi-desilusão para mim. Porque ia para o filme com expectativas altas. Sim, o argumento é sólido, personagens e diálogos convincentes, mas fica a ideia que faltou "pinceladas" do Finsher que estamos habituados para torná-lo num grande filme. Não é daqueles filmes que se tem vontade de rever.

Cumprimentos

Sam disse...

Tal como o André referiu, a fasquia foi, mesmo antes da estreia deste A REDE SOCIAL, colocada muito alta.

Por isso, as expectativas são, negativa e facilmente, quebradas por uma obra que no cômputo geral revela-se quase mediano.

Ainda não foi desta que fiz as pazes com David Fincher...

Abraço.

MAR disse...

Tem momentos muito bons: os diálogos alucinantes e muito bem conseguidos, a confirmação de Eisenberg como um actor a ter em conta e a cena final num momento Rosebud e com a música dos Beatles encaixada na perfeição.
A cena da corrida de remo em Inglaterra também me ficou na memória, muito bem conseguida.
Também gostei da interpretação de Justin Timberlake e principalmente Andrew Garfield.

Unknown disse...

Peço desculpa não falar do filme que ainda não vi.
Mesmo com o Aaron Sorkin envolvido fiquei muito surpreendido pela menção ao delicioso Studio 60 On The Sunset Strip, praticamente desconhecido por cá.

syrin disse...

Em duas palavras: Grande filme.

E, claro - o Aaron Sorkin é um génio. Já tinha saudades de diálogos destes. E estou a ficar com saudades de rever West Wing e Studio 60! :D

DiogoF. disse...

Não concordo contigo a 100%. Gostei do filme, no geral, mas não o acho tão bom. Grandes diálogos, excelente montagem (o ritmo das acções está muito bem conseguido), grande personagem (muito bem desenvolvido), bom retrato da gestão/marketing. No entanto, apesar de, para além de tudo isto, sentir que os temas (ou o "Tema") está lá, senti que a narrativa corre ligeiramente despercebida, vazia e, no final senti que pouco tinha acontecido.

Carlos M. Reis disse...

Tem sido um parto complicado em Portugal, como se pode ver pelos comentários. Quanto às expectativas altas, foram recentes graças à recepção da crítica nos EUA. Porque há um ano, andava meio mundo a gozar com a possibilidade de Fincher fazer um filme sobre o Facebook e as expectativas eram nulas.

Quanto ao Studio 60, é para mim das melhores sérias da década passada, e uma das mais incompreendidas e injustiçadas!

Cumprimentos pessoal, obrigado pela visita!

ZB disse...

As maiores críticas que são feitas ao Studio 60 é o facto de não ser autêntica, de muito do que retrata não corresponder minimamente à verdade, e que os sketchs cómicos não têm a mínima piada. Claro que quem não está por dentro do processo acha a série excelente, mas quem conhece o meio nem por isso. Basicamente, é a mesma razão porque os médicos não gostam de séries médicas, porque aquilo que mostram não representa verdadeiramente a realidade.

Marta disse...

De facto... Os diálogos neste filmes estão ao nivel de qualquer "Dr House"... É um filme que todos devemos de ver, para estarmos conscientes da realidade que nos envolve, e nos engole dia após dia! Se há 50 anos, bill gates desenvolveu "o software" de um computador, podemos compreender assim que a nossa sociedade simplesmente se adaptou a essa nova realidade... Ou melhor, nós criamos uma nova realidade! Este filme com facilidade se poderia tornar enfadonho, e trazer interesse apenas aos interessados na matéria!!! Mas este realizador, de facto merece um vénia!!
Uma das coisas que mais gostei foi mesmo a de:"cabe ao espectador decidir o rótulo a atribuir à personagem principal"... exactamente!!! E torna o assunto discutivel horas e horas!! ;)

cinetertulia disse...

Boas a todos, eu sinceramente não achei o filme grande coisa ficou a faltar algo no fim, penso que se não fosse pelo tema passava muito ao lado do grande publico..

cumprimentos a todos

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