Beth (Kristen Bell), uma das mais conceituadas curadoras de arte do Guggenheim nova-iorquino, chegou a uma altura da sua vida em que o amor, aquele que é ferida que arde mas não se vê, parece ser um luxo tão supérfluo que não merece sequer especial atenção. Anos e anos à espera do príncipe encantado perfeito tornaram-na uma eterna solteira, mais dedicada a uma carreira de sucesso do que a uma vida de paixões. Até ao dia em que se desloca a Roma para marcar presença no impulsivo casamento da sua irmã, e que, aproveitando uma visita à “fonte do amor” – claramente inspirada na original Fontana di Trevi, símbolo barroco da capital italiana e, porque não, do "Dolce Vita" de Federico Fellini – decide retirar algumas moedas do fundo da fonte. Pois bem, como que por feitiço (ou sortilégio), – ou não fosse essa a magia do cinema, em prol de um argumento que renda nas bilheteiras – começa quase instantaneamente a ser perseguida por uma quadrilha de homens inexplicavelmente apaixonados. O único problema é que do “bando” faz parte um magnata de metro e meio (Danny DeVito), um mágico de rua desleixado (Jon Heder), um pintor com um estranho sotaque italiano (Will Arnett) e um modelo masculino absolutamente narcisista (Dax Shepard). A estes cromos, dignos de uma qualquer caderneta rara de Hollywood, junta-se um jornalista (Josh Duhamel) que tenta provar a Beth que o seu amor por ela é muito mais do que uma façanha de feitiçaria.
Para orquestrar o regresso da Disney às comédias de carne e osso, depois do sucesso internacional nas bilheteiras que obteve o ano passado com "Old Dogs", o escolhido foi Mark Steven Johnson, o realizador responsável pelas adaptações cinematográficas das bandas desenhadas "Daredevil" e "Ghost Rider". Mais apupado do que aplaudido nestas duas primeiras experiências, Johnson volta agora a um género no qual triunfou enquanto guionista, ou não fosse ele o escritor por detrás do clássico "Grumpy Old Men" - e respectiva sequela - ou do familiar "Jack Frost". Com um elenco respeitável que conjuga alguns valores reconhecidos no género como DeVito ou Heder, "Em Roma" é, no entanto, uma comédia fantástico-romântica que não evita um único cliché típico do género e baseia todo o seu encanto na charmosa dupla Bell/Duhamel, esquecendo-se não só de ser uma comédia - em vez de um conjunto de gags físicos/situacionais, quase todos presentes no trailer -, como deixa o romance para os últimos minutos, com o seu final previsível e principesco. Nem Bell em fato-de-treino justinho nos seus joggings por Nova Iorque salvam uma fita cozinhada segundo uma fórmula que não respeita o público para lucrar uns milhões. E, para não variar, a pergunta típica que termina qualquer análise a um filme de Bell: para quando o regresso de "Veronica Mars"?
1 comentário:
É daqueles filmes que evito, imagino sempre que terá os clichés habituais das comédias romanticas
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