quarta-feira, julho 20, 2011

The New Hollywood: Brianna Brown (II/III)


Brianna Lynn Brown tem vários vídeos de tributo na internet, sites de fãs aos pontapés e dezenas de sessões fotográficas contabilizadas para algumas das mais conceituadas revistas internacionais. O seu estatuto de diva não vem, no entanto, na forma mais pura do seu sucesso na arte pela qual se apaixonou: a interpretação, o cinema e a televisão. Longe do reconhecimento merecido, Brianna passa literalmente a sua vida profissional em presenças ocasionais em dezenas de séries televisivas, quase todas de enorme sucesso entre as audiências, como “CSI”, “The Closer”, “Criminal Minds” ou “Smallville”, entre muitas outras. Detesta “pura e simplesmente interpretar uma mulher bonita cujas palavras são irrelevantes”, mas precisa de o fazer para sobreviver e ter oportunidades que possam levar a outras oportunidades. De cenas lésbicas a duches escaldantes, sem esquecer o calculismo de uma prostituta assassina em série, Brianna já fez de tudo um pouco nos escassos minutos que lhe concedem no pequeno ecrã. No cinema, começa a tornar-se agora numa estrela de terror, com vários papéis principais em filmes de relativo sucesso comercial, dado o seu baixo orçamento. “O melhor está para vir”, confidencia-nos Brianna. Nós não temos dúvidas que sim.

Entrevista

Brianna, qual o objectivo do “The New Hollywood” e como é que surgiu esta ideia?

O objectivo do “The New Hollywood” é encorajar todas as mulheres que estejam ligadas à indústria do entretenimento a ajudarem-se umas às outras na demanda por oportunidades, em vez de serem negativas e competitivas umas com as outras. É fundamental que as mulheres preocupem-se umas com as outras nas suas funções em vez de forçarem a sua posição num espaço em que a perfeição é uma mera ilusão. Eu não cresci com este sistema de apoio entre as mulheres. Sempre pratiquei desportos colectivos - como o vosso bem conhecido futebol - cantei em coros, fiz peças de teatro... mas nunca me senti realmente integrada em grupos que eram exclusivamente femininos. É muito raro as mulheres conseguirem criar um grupo unido como os homens. Daí que tenha decidido, há seis anos atrás, criar este grupo de apoio quando uma amiga minha, Juliana Dever, pediu-me para a ajudar a definir alguns objectivos pessoais no seu início de carreira em Hollywood. Com um grupo assim, todas as participantes, de acordo com a sua experiência, poderiam ajudar casos como aquele. Ironicamente, acabei por ter que sair do país para participar nas filmagens de um filme e foi outra amiga nossa, Rachel Leah Cohen, que acabou por a ajudar. E foi esse tempo em que estive fora que me permitiu planear a criação do grupo. A meta era simples: juntar mulheres das mais diversas áreas desta indústria, com as mais diversas experiências, e criar uma estrutura que as permitisse ajudar umas às outras, tanto a nível pessoal como profissional. Era uma forma de mudar o estereótipo da falta de entreajuda e ligação entre as mulheres e de as motivar. Por falta de condições de organização – e com medo que o alargamento acabe por prejudicar a forte conexão entre todos os membros -, somos ainda apenas 25 mulheres, divididas em duas filiais: Los Angeles e Nova Iorque. Todas as vinte e cinco conhecem-se bem e é isso que privilegiamos. Estamos constantemente a recusar novas entradas no grupo para que este não perca a sua essência.

O que é que está em cima da mesa, actualmente?

Neste momento, estamos a preparar-nos para a primeira festa oficial do grupo, onde iremos lançar o nosso calendário para 2010. A festa irá denominar-se “Women Supporting Women Supporting Mother Nature” e terá lugar no dia 11 de Novembro. O valor da venda dos calendários irá reverter para a organização ambiental sem fins lucrativos “TreePeople”. A conceituada fotógrafa Deborah Anderson foi quem fotografou o nosso grupo para o calendário. Já agora aproveito para convidar todos os que quiserem comprar o calendário ou ver o filme da sessão fotográfica a visitarem o nosso site em www.thenewhollywwod.org. Estou tão orgulhosa no trabalho que todas fizemos que sinto que somos um exemplo para todas as mulheres que sempre pensaram que era impossível, do nada, criar um grupo tão coeso e activo. Estamos literalmente a organizar este evento sem um único tostão de orçamento. Tudo foi doado por pessoas ou empresas. Tantas foram as pessoas que aderiram à nossa causa, que a generosidade acaba por ser chocante. Acho que demonstra que as pessoas querem apoiar uma mudança na mentalidade feminina dentro da indústria do entretenimento.

“Tornar o impossível, possível” é o vosso lema. Na prática, como é que a ligação ao “The New Hollywood” pode ajudar as carreiras profissionais dos seus membros?

“Tornar o impossível, possível” está algo fora de contexto nesta questão. Quando era mais nova, para mim uma carreira na indústria do entretenimento era algo que todos consideravam impossível. O facto de eu só ter abandonado os subúrbios do Minnesota aos 19 anos, por minha conta e risco próprio, arriscando viver unicamente da interpretação (quando apenas 2% de todos os actores nos Estados Unidos o conseguem) era algo assombroso para mim. Eu não garanto, nem o “The New Hollywood” o faz, que quem pertencer ao grupo irá ter uma carreira de sucesso. O objectivo do grupo é garantir que os seus membros assegurem os melhores conselhos e a melhor ajuda possível em todas as áreas da nossa vida. Daí pode resultar, ou não, o sucesso profissional. Mas a prioridade de um certo membro pode até não ser essa. Todas as mulheres do grupo que contam hoje com uma carreira impecável devem-no ao seu talento, motivação e vontade. É na parte da motivação, criatividade e positivismo que este grupo de mulheres é importante. Com as nossas experiências, abrimos a mente das mulheres à necessidade de arriscar. Neste negócio, só quem se diferenciar tem sucesso.

Continua...

Artigo publicado na Take 23, edição Abril/Maio de 2010.

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