"Risky Business" é o filme que lançou o jovem Tom Cruise, na altura com apenas dezanove anos quando as filmagens começaram, para o estrelato. Mas é hoje, quase trinta anos depois, também uma fita que envelheceu tão bem como um Vinho do Porto Vintage, perdendo gradualmente a sua adstringência inicial - as prostitutas não são hoje mais um assunto tabu no cinema -, adquirindo, por isso, um aroma equilibrado - na sua dualidade entre o dever e o querer, entre o certo e o errado, entre o sonho do garanhão e a realidade do virgem -, complexo - para quê trabalhar no duro e ganhar tostões quando o fácil, apesar de moralmente incorrecto, dá milhões - e, porque não, muito distinto - que bela e aventurada realização do então estreante realizador/argumentista Paul Brickman, para não falar da invulgarmente hipnotizante banda-sonora a cargo dos Tangerine Dream. Não, "Negócio Arriscado" não é perfeito. Tem várias incongruências narrativas que não deixam a história fluir tão bem quanto devia (ou podia), mas insignificantes na apreciação dos seus aromas frutados - que emanaram quase todos do corpo e da interpretação sensual de Rebecca de Mornay. Mas, por muito vinho que esta análise meta no copo, não foram precisos nem álcool nem drogas aos pontapés para triunfar enquanto filme de adolescentes intemporal. Bastou juntar duas obsessões tão humanas quanto animais: sexo e poder. Sim, por vezes é preciso dizer à vida: "Que se lixe!". Clássico e sem substituto. Tal como um bom Porsche. Tal como um bom Vinho do Porto.
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