sexta-feira, janeiro 18, 2013

Holy Motors (2012)

Oscar é um homem estranho. De assassino a mendigo, de criatura abominável a pai preocupado, Oscar varia de personagem sempre que entra numa elegante limousine branca, conduzida por uma misteriosa mulher que parece ser a única que o conhece verdadeiramente. Serão todas estas estranhas histórias uma metáfora existencialista estilizada através do conceito de vidas paralelas? É provável que sim, ficando apenas por explicar a razão de tanto absurdo surrealista desconexo ter sido recebido de forma tão calorosa por grande parte do púbica e da crítica nacional e internacional.

Com guião e realização do francês Leos Carax, "Holy Motors" é um exercício cinematográfico demasiado pretensioso, presunçoso e disparatado, que através da sua total aleatoriedade e ausência de sentido óbvio consegue levar o espectador a acreditar que está perante uma narrativa altamente complexa e intelectual. Sim, a cinematografia e fotografia não deixa de ser interessante e o role-playing de Denis Lavant nada menos do que impressionante. Mas, no todo, "Holy Motors" é um vazio deprimente e confuso, que desilude e cansa a cada minuto que passa, apenas para terminar esgotado na sua arrogância, sem clímax nem emoção. Uma obra de arte, com múltiplas interpretações, defendem alguns; algo que custa-me a aceitar quando criatividade, talento, risco e fantasia não são combinados de forma minimamente coerente e organizada, apenas atirados que nem sal e açúcar para um mesmo bolo de difícil ingestão.

Assim, o que lhe falta a nível de percepção, sobra-lhe em pseudo-intelectualidade, tornando a curiosidade que naturalmente surge no seu receptor perante tão anormal e enigmático produto apenas resultado do bizarro e não de uma estrutura narrativa hábil e inteligente. E, perante tamanha confusão, não admira que a sua distribuidora nacional nem sequer tenha arriscado num título em português. Porque, tal como muitos que o elogiaram, aposto que adoraram o que viram mas não perceberam patavina do que se passou. E assim nasce um dos filmes mais sobrevalorizados dos últimos anos.

8 comentários:

Inês Moreira Santos disse...

Não podia concordar mais contigo, Miguel, contra tudo e contra todos. x)
Tanta adoração forçada, na minha opinião, numa espécie de "temos de adorar o homem que quer, a toda a força, ser genial", mas que não tenta transmitir nada no meio de tanta mistura de ideias não desenvolvidas. Um filme que tem dado que falar, quando os que o veneram também não aceitam a opinião do que saíram frustrados, ou se sentiram, de alguma forma, enganados por Carax.

Cumprimentos cinéfilos.

Anónimo disse...

O filme segue uma linha narrativa que descreves logo na primeira frase, portanto apelidar o mesmo de "absurdo surrealista desconexo" é, para além de uma redundância, falso. Depois, usar o argumento de que a "ausência de sentido óbvio" é uma prova de pretensiosismo é estar a ignorar toda uma parte importante da história do cinema e relegar todos os filmes que são efectivamente surrealistas à categoria de lixo. Por isso esta crítica acaba por não ser uma crítica, mas um texto arrogante (a mesma arrogância de que acusas o realizador) em que apenas dizes que por este não ser o tipo de filme a que estás habituado, é obrigatóriamente pseudo-intelectual e presunçoso, e que todos aqueles que gostaram do filme não têm a mesma inteligência que tu e foram uns patinhos que caíram na esparrela. Afirmar que "quando criatividade, talento, risco e fantasia não são combinados de forma minimamente coerente e organizada" ou não possibilitam uma interpretação imediata não pode ser bom cinema, é logo excluir grande parte da cinematografia de gente como o Buñuel ou o René Clair, que deram um contributo ímpar para o cinema. Uma crítica bem feita explicaria o porquê da narrativa desconexa deste filme não poder ter valor intelectual ou artístico, e não se limitaria a dizer que não o tem.

Anónimo disse...

Perante opiniões tão díspares lá me obrigam a ir ver o filme para tirar a minha conclusão. :)

miguel b disse...

Não deixa de ser curioso como, com tantas palavras, consegues não dizer absolutamente nada sobre o filme em si. Por outro lado, tentar dar um sentido negativo ao "surrealista" com os adjectivos "absurdo" e "desconexo" também acaba por denunciar o estado da arte do texto que aqui se apresenta.

Andreia Mandim disse...

Não percebo como um filme que remete a vários filmes, até a última cena, pode ser encarado como isso, a da máscara, não sei se te faz lembrar algum filme...além de ser uma metáfora para o papel das pessoas actualmente na vida e no cinema, o filme também, com a aparição das limosines no fim, que dão a entender que o homem é menos humano que as próprias máquinas. Penso que é um filme que ficará marcado e que merece o culto que lhe é devido. por isso não podia discordar mais da crítica, principalmente da parte de ser pretensioso; porque nenhum filme é pretensioso, o público é que lhe confere essa característica.

cumprimentos,
cinemaschallenge.blogspot.com

Anónimo disse...

Tás a ficar velho pá

Carlos M. Reis disse...

Está tudo já? Obrigado a todos pela visita e pelo contributo para a apreciação do filme por parte dos leitores deste espaço. Consigo compreender e até aceitar alguns dos pontos que referiram, mesmo que os veja de outra forma. Como exemplo, para mim um filme remeter para vários filmes não faz dele obrigatoriamente interessante ou bom. Claro que, tendo em conta a recepção do filme, eu sei que fui eu que fui apanhado na curva errada. Mas esse jogo de expectativas também faz parte do cinema. Cumprimentos a todos!

Anónimo disse...

lol. stick to posting pictures of "hot girls"

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