terça-feira, março 12, 2013

Hitchcock (2012)

Finais dos anos cinquenta: o "mestre do suspense" cinematográfico está numa crise criativa e procura a todo o custo um guião que consiga transformar em mais um estrondo entre o público e a crítica, calando assim aqueles que afirmam que o realizador, agora no topo da sua carreira, já deu o que tinha a dar e iria entrar numa fase artística descendente devido à sua idade. E é aí que decide, contra tudo e contra todos, adaptar à grande tela um livro de terror recentemente lançado e ainda pouco conhecido, intitulado "Psycho". Sem conseguir apoios nem financiamento de nenhum estúdio para tal "loucura" - o que os grandes produtores queriam era mais um filme de espionagem ao bom estilo de "North by Northwest", Hitchcock decide então financiar ele próprio o filme, correndo assim grandes riscos de acabar na miséria, sem casa nem piscina, caso o filme não se revele um sucesso aquando da sua premiere.

Estreia na realização do britânico Sacha Gervasi, "Hitchcock" está mais perto de ser um making-of ficcionado da rodagem de "Psycho", com toques cor-de-rosa de um relacionamento conturbado com a sua companheira de sempre, Alma, do que propriamente um relato biográfico da vida e da carreira do mestre Alfred Hitchcock, como provavelmente muitos cinéfilos desejariam e esperavam. Raspando apenas a superfície de uma personalidade tão complexa quanto complicada, a fita inspirada no livro "Alfred Hitchcock and the Making of Psycho" acaba ainda assim por proporcionar alguma diversão cinéfila apesar de todas as suas falhas, muito por culpa de um muito competente elenco liderado pelo caprichoso Anthony Hopkins - que apanha os jeitos e os tiques mais famosos de Hitch apesar do trabalho de moldagem física, principalmente a nível facial, deixar muito a desejar - e pela magnetizante Helen Mirren. Pouco ambicioso na sua essência, "Hitchcock" contenta-se com a sua simplicidade, algo que a reprodução da produção de um filme que mudou o conceito de terror em Hollywood não merecia; ou seja, falta-lhe o suspense de qualquer bom filme do mestre, bem como a irreverência narrativa de alguns outros livros sobre Hitchcock.

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