sexta-feira, setembro 27, 2013

Largo Winch (2008) & Largo Winch II (2011)

Fundador e accionista maioritário do bilionário Grupo W, o misterioso Nerio Winch (Miki Manjojlovic) sempre foi conhecido como um homem solitário que, no seu iate, manteve-se afastado do mundo e dos perigos do poder sempre que pôde, depois de uma infância pobre e problemática que deixou marcas severas na sua personalidade. Quando é encontrado afogado - terá sido suicídio ou assassinato? -, a luta pelo controlo do Grupo W entra numa fona, com vários abutres a quererem uma fatia do bolo. Só que, para desconhecimento de todos, eis que no seu testamento aparece o nome de Largo Winch (Tomer Sisley), um filho adoptivo que ninguém sabia que Nerio tinha, a quem entrega todos os seus bens e acções. Com o objectivo de doar todos os fundos da empresa a instituições de solidariedade, Largo vai enfiar-se numa conspiração gigantesca cujo o único objectivo é afastá-lo do poder, custe o que custar.

Saga adaptada ao cinema pelo francês Jérôme Salle ("Anthony Zimmer"), "Largo Winch" foca-se na construção da sua personagem principal e processo de herança, enquanto que o segundo capítulo que lhe sucedeu três anos passados dá continuação ao jogo de traições e duplas traições, desta vez com um pano de fundo ligeiramente diferente - a Birmânia e a transformação do Grupo W numa instituição de solidariedade. Produções europeias ao bom nível artístico de um qualquer blockbuster norte-americano, eis duas aventuras de espionagem empresarial com narrativas sólidas e vários volte-face inesperados e bem orquestrados. As cenas de acção são puras - vários foram os segmentos de alguns segundos que demoraram semanas a treinar - e, rezam as crónicas, as histórias de ambas as fitas são saudavelmente fiéis aos dois primeiros álbuns da banda desenhada de culto nos países francófonos. Curiosamente, acaba por ser um actor alemão a dar vida a Largo, com muita personalidade e uma dedicação extrema - Sisley aprendeu sérvio para os filmes e dispensou duplos nas cenas de acção. Uma vez pensada como a saga que iria rivalizar com a franchise de James Bond, os direitos das adaptações cinematográficas de Largo Winch caíram durante décadas no esquecimento, renascendo agora com resultados convincentes. Com uma linha narrativa que oscila eficazmente entre o presente e o passado, destaque positivo ainda para a interpretação prodigiosa do já falecido Laurent Terzieff na sequela e negativo para a falta de carisma de Olivier Barthelemy enquanto Simon, fiel amigo e companheiro de aventuras de Largo. Venha daí ou não uma trilogia, o certo é que troco qualquer Bourne frenético por um Winch engenhoso.

Largo Winch (2008)

Largo Winch II (2011)

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