Thriller riquíssimo a vários níveis, dos valores de produção - ainda para mais se tivermos em conta o seu modesto orçamento - à magnânima interpretação de Richard Gere - sem dúvida alguma a sua melhor desde "Pretty Woman" -, "Arbitrage - A Fraude" concilia de forma muito competente duas linhas narrativas díspares (uma profissional e outra pessoal), orquestrando um sentimento omnipresente de tensão e condescendência do espectador perante uma personagem que, à primeira vista, teria tudo para ser odiada e repugnada nos seus propósitos criminosos e de ganância exacerbada. Escrito e realizado pelo promissor Nicholas Jarecki, o nova-iorquino coloca-nos várias vezes a pensar que, estivéssemos nós na pele de Robert, provavelmente faríamos exactamente o mesmo que o vilão-herói desta história, de modo a proteger todos aqueles que amamos. Se o final aberto acaba por ser algo frustrante e intelectualmente pouco recompensador depois de hora e meia de suspense em alta voltagem, destaque obrigatório deve ser dado para a forma sublime em como os vinte minutos iniciais da fita colocam-nos completamente a par da personalidade, feitio e carácter de Robert. Pena apenas que o mesmo não tenha sido feito em relação ao detective interpretado por Tim Roth, personagem esta completamente desaproveitada na sua dicotomia entre caçador e presa; uma única cena de diálogo intenso entre Gere e Roth soube a muito pouco. Moral da história? O dinheiro e o poder são um bom álibi.
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2 comentários:
Também gostei imenso! Tenho pena que seja tão subvalorizado. É assim meio old school, mas muito poderoso.
Indeed Tiago ;)
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