Adaptação da peça da Broadway de um dos mais premiados dramaturgos do século passado (Tennessee Williams), "A Noite da Iguana" é um ensaio filosoficamente poderoso sobre a tentação e o pecado, sobre a fragilidade do espírito humano em ambientes adversos, onde as fantasias proibidas de um homem sexualmente subjugado são colocadas à prova num contexto tão freudiano quanto paradisíaco. Filme que pôs a vila mexicana de Puerto Vallarta no mapa turístico de milhões de norte-americanos no último meio-século, "The Night of the Iguana" é, enquanto produto cinematográfico, tão fascinante em alguns aspectos quanto monótono e até entediante em certas partes da sua narrativa. Com um elenco de luxo - Richard Burton, Ava Gardner e Deborah Kerr eram algumas das mais bem pagas estrelas da época - e uma realização improvável - o grande John Huston estava acostumado a outras andanças mais mexidas -, a obra que reutiliza a Lolita Sue Lyon como mulher irresistível teve uma das mais badaladas produções de sempre, com ciúmes, armas e caprichos de vedeta à mistura, o que em parte também explica o porquê de Houston não ter conseguido uma transposição para a grande tela do carácter alegórico e intelectualmente subterrâneo do material teatral que tinha em mãos.

Sem comentários:
Enviar um comentário