Talvez o capítulo mais convencional da filmografia de Tim Burton - o que, por si só nesta altura do campeonato, até não deixa de ser surpreendente e aprazível -, "
Olhos Grandes" aborda uma história verídica com vários pontos de choque interessantes - qual o valor da arte, o impacto do
vox populi nos mercados, o poder da imprensa e, acima de tudo, a evolução do papel das mulheres nas sociedades modernas - quase todos abordados, infelizmente, com um aperto de mão demasiado mole de Burton, que preferiu apostar na relação de ternura e de empatia com o espectador de uma artista que se impôs ao mundo, expondo todos os seus vícios fétidos e machistas. De resto, apenas as belíssimas interpretações de Christopher Waltz e Amy Adams conseguem catapultar um filme vulgar para um estatuto superior, muito longe ainda assim do melhor que o gótico despenteado nos habituou ao longo das últimas décadas.
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