Performance crua, metódica e visceral de Jake Gyllenhaal - perdeu peso e ficou noites sem dormir para conseguir o visual de coyote da noite que tanto pretendia, um cujos olhos não piscam e pouco ou nada dizem - na estreia na cadeira de realizador de Dan Gilroy, antes conhecido na indústria como "
o marido da Rene Russo", "
Nightcrawler" é uma humilde obra-prima moderna, tanto a nível técnico - cinematografia sublime e trabalho de edição magnificiente, qual filme de acção se tratasse no meio de tanto drama policial e televisivo - como a nível psicossocial, criticando ao mesmo tempo que enobrece a necessidade do público moderno por visualizar "
as soon as possible" desastres, dramas e histórias chocantes, uma cuja previsibilidade de sucesso comercial provavelmente começou no dia em que OJ Simpson colou milhões de norte-americanos às televisões com a sua fuga automóvel da polícia enquanto apontava uma pistola à sua própria cabeça. Daí em diante, o crime passou a ser o melhor amigo de inúmeras televisões públicas regionais e nacionais, sedentas por audiências que viabilizem a sua existência. Cenas pungentes, Gyllenhaal a mostrar uma vez mais a sua polivalência e a confirmação de um outro talento escondido: Riz Ahmed, o Omar de "
Four Lions", que inteligentemente conseguiu perceber que era na sombra de Gyllenhaal que estava a luz. O resultado final é uma película tão fascinante quanto perturbante.
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