sábado, julho 29, 2017

Strangers on a Train (1951)

O conceito criminal que serve de mote ao enredo de "O Desconhecido do Norte Expresso" tem Hitchcock soletrado em todas as sílabas daquela inesperada conversa inicial numa viagem de comboio. Não admira, portanto, que o inglês tenha comprado os direitos de adaptação do romance de estreia de Patricia Highsmith assim que o livro ficou disponível; uma troca de crimes entre duas personagens, um homem tão louco quanto hábil, o caos, a chantagem, os diálogos agonizantes de tão umbráticos que são, o final em êxtase, imagine-se lá, num carrossel. Nem tudo é perfeito: o guião perde alguma consistência e torna-se demasiado conceptual na passagem para o terceiro acto; o que era tão complicado e sombrio, rapidamente - e facilmente, já agora - perde a nuvem que o ameaçava. Ainda assim, uma obra repleta do talento e de várias imagens de marca de Hitchcock, naquele que foi o último papel - e que papelaço - de Robert Walker, falecido poucos meses depois das filmagens, aos trinta e dois anos, devido a uma reacção alérgica a um medicamento. Uma morte inesperada que fulminou a carreira de um dos mais promissores e carismáticos actores da sua geração.

Sem comentários:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...