É impressionante - e provavelmente frustrante para muitos realizadores - que uma miúda gira de bikini e um tubarão-branco irritado sejam mais do que suficientes para orquestrar um bom filme de hora e meia. Sim, leram bem, não simplesmente um filme qualquer, mas um bom filme. E é isso mesmo que o catalão Jaume Collet-Serra ("
Orphan" e duas
Neesonezadas competentes) consegue aqui graças a uma cinematografia de excelência onde os silêncios, as expressões faciais, a dor e o desespero da muito mais talentosa do que muitos julgam - pelo pacote, claro - Blake Lively arranca enchem a tela de credibilidade e o espectador de ansiedade. Tudo uma maravilha até ao quarto de hora final, onde a solução pensada para despachar a coisa mergulha a narrativa no mundo fantasioso da sétima arte e rouba a carne-e-osso ao tubarão agora desenvergonhadamente digital. Ainda assim, um nível acima dos vários exemplares que apareceram nas últimas décadas em homenagem a "
Jaws", um thriller distinto que consegue manter a tensão sem precisar de recorrer aos inúmeros clichés do género - usando-os, inclusive, para enganar o espectador. E não, não vou acabar isto sem falar da gaivota. Steven Seagull. Tão simples e eficaz que enerva.
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