Não existe vingança justa, escreveu Cervantes um dia. A estreia na realização do norte-irlandês Chris Baugh resulta num muito distinto thriller de combustão calma e serena em torno dessa mesma máxima. Um papelão do desconhecido Nigel O'Neill na pele de um camponês de meia-idade que vive com a mãe e, uma noite, presencia o seu assassinato, aparentemente sem qualquer razão ou sentido. Uma narrativa que arranca simples, sem outro motor que não a sede e a necessidade de uma vendetta, mas que aos poucos enrola-se em várias camadas emocionais que colocam todo aquele percurso em causa; não propriamente nos caminhos típicos do "não ganho nada de volta com isto", mas num refrescante "ups, será que quem despachou a minha velha não tinha razões para tal?". Seja como for, qual círculo infinito de vingança que leva a vingança que, por sua vez, lá levará a nova vingança, numa descoberta - mais uma, diga-se - deliciosa no fundo do baú da Netflix.
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