terça-feira, outubro 30, 2018

Bohemian Rhapsody (2018)

A certa altura de "Bohemian Rhapsody", quando um muito bem disfarçado Mike Myers arrasa com o tema que dá nome a esta biografia cinéfila dos Queen - e que serviu de mote para o arranque do seu "Wayne's World" -, Freddie Mercury defende que as "fórmulas são más" e que a sua banda quer inovar, romper com o esperado, fazer algo nunca antes feito. Algo completamente ignorado por quem orquestrou este projecto amaldiçoado durante quase uma década, com várias escolhas confirmadas e canceladas para elenco e realização, culpa de um controlo criativo excessivo por parte de Brian May e companhia. Para quê arriscar quando não há como falhar com uma banda-sonora irresistível e uma história de vida que funciona pela simples sugestão em cena? Para quê enfrentar os demónios de forma suja e paranóica quando a famigerada fórmula quase romântica do bem e do mal, do amor e do ódio, chega? E assim se fez, uma biografia dos Queen disfarçada como sendo de Mercury - mas que nunca o é, ignorando ou desvalorizando a sua carreira a solo e todos os momentos em que se afastou da banda. E fica a ilusão do que seria se um realizador como David Fincher fizesse de Mercury o seu cisne negro.

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