As expectativas eram altíssimas e, claro, derivado disso, a exigência também. A névoa de uma desilusão tremenda pairava no ar. Mas não: Damon Lindelof e companhia orquestraram mesmo uma das séries da década, um história magnífica, repleta de mensagens subliminares e substância, construída em moldes de genialidade aparentemente desordenada e desconexa, numa distopia repleta de heróis e polícias mascarados onde Robert Redford, ele mesmo, é presidente dos EUA. Nove episódios em crescendo, onde tudo se liga aos poucos, qual círculo perfeito que, afinal de contas, estava desenhado em várias páginas. A simetria é extraordinária: tudo começa numa sala de cinema e tudo lá acaba; fora da sala, o pânico e o caos, com um século de distância. Ao lado do "herói", a mãe primeiro, depois a neta. Há cem anos, a sua família ia ser destruída; agora, uma vida depois, finalmente fez-se justiça. Mas será que isso chega? O que mudou em cem anos? A resposta é dolorosa: muito pouco. Há que passar a tocha do heroísmo entre gerações, sem máscaras e sem mentiras. Porque as feridas precisam de apanhar ar para sarar. Quero muito uma segunda temporada - ainda não confirmada pela HBO -, mas tenho pavor que estrague tudo o que foi tão maravilhosamente montado nesta primeira temporada. Brilhante. Obrigatório.
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