Uma alegoria ao divórcio sob diferentes perspectivas - da pecadora ao marido ausente, sem esquecer a vítima infantil de todo o processo -, uma obra repleta de simbolismos com expressão potenciada não só pelo meio - cinema - como pelos intervenientes, com especial destaque para o desempenho assombroso de Isabelle Adjani, uma das mais ousadas, arrepiantes e bizarramente competentes interpretações que já se viram numa tela. Um pesadelo surreal orquestrado por Andrzej Zuwalski, que deambula rapidamente e sem grandes regras entre a realidade e a alucinação, entre o delírio e a loucura, entre a ambiguidade da culpa psicológica aos desejos carnais mais vividos. Dificilmente alguma vez iremos perceber tudo o que nos foi atirado à cara, entre performances teatrais estapafúrdias e monstros grotescos, mas está também nesse mar de dúvidas parte do seu encanto e charme. E aquela cena no túnel? Eterna.
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