Muitos consideram a obra de estreia de Paul Thomas Anderson na cadeira de realizador como o seu filme menos brilhante; não podia discordar mais. O que lhe falta em aparato é compensado por uma sensação tão estranha quanto irresistível de mistério, de um perigo sedutor em torno de uma personagem maravilhosamente interpretada por Phillip Baker Hall, no papel de uma carreira - mais ainda que em "
Magnolia" -, que enche o ecrã e o filme, com a sua frieza de coração quente, entre o calculista implacável e o pai adoptivo carinhoso de frágeis figuras aparentemente desconexas na sua vida. Um noir moderno, onde o destino de cada um depende frequentemente de outros - e tudo começa com uma aposta de muitos milhares de dólares numa jogada de dados de outro jogador -, num ambiente repleto de fumo, bares duvidosos e hóteis de segunda. Os close-ups, os movimentos de câmara, as cores, a sonoplastia, tantos elementos-chave de PTA, todos bem presentes logo na estreia com vinte e poucos anos. Não é para qualquer um.
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