Biopic atípico sobre a ascensão e a queda de Lenny Bruce, um comediante nova-iorquino que quebrava regularmente nos seus espectáculos os limites do politicamente correcto na década de cinquenta, com obscenidades e observações mordazes sobre etnias, orientações sexuais ou forças policiais, levando-a a várias condenações e batalhas em tribunal. Uma vida fora da caixa, nos palcos e fora deles, que conduziram-no às drogas, à depressão, à miséria e à morte com apenas quarenta anos. O stand-up como escape, num filme com uma estética ousada e singular, que nem sempre é eficaz narrativamente mas que funciona artisticamente enquanto homenagem obsessiva a uma personagem compulsiva, como se o filme fosse tomado de assalto por Lenny na sua forma, na relação que estabelece com Honey (Valerie Perrine) e nas inseguranças em torno dessa sua paixão. Como aquele brilhante monólogo final gravado num só take exemplifica, Lenny tornou-se um homem perdido na sua própria irreverência; tal como nós na estrutura que Bob Fosse orquestrou neste seu preito cinematográfico.
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