quinta-feira, julho 15, 2021

Close-Up (1990)

A vida é, ela mesmo, um filme? Limites distorcidos entre a realidade e a representação enquanto Sabzian encarnou a pele - com todas as regalias e sonhos - de um realizador iraniano famoso, num misto de reconstituição dos factos com o julgamento dos mesmos, com os verdadeiros personagens da história a interpretarem-se a si próprios. Confuso em palavras, percebo, mas acaba por ser esse mesmo jogo moral de metaficção que torna todo o filme de Abbas Kiarostami numa experiência única que se desdobra entre dois mundos - o da ficção e o do documentário. Pena apenas que a faceta documental esteja altamente condicionada até à cena final - o encontro inesperado com o realizador verdadeiro e a consequente viagem de mota até à moradia das "vítimas" do esquema -, sabendo todos os participantes no julgamento - do juíz ao próprio Sabzian - que o mesmo estava a ser filmado com este objectivo final. O que, na verdade, retira autenticidade e realismo a toda a sua faceta documental. Seja como for, fica a audácia do conceito e a história de um cinéfilo invertebrado que ousou ser aquilo que sonhava ser.

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