Uma noite e uma manhã na vida de dois gangsters amigos, sendo que um deles traiu a confiança do chefe e tem a cabeça a prémio. Uma relação trágica, de dinâmicas extremamente complicadas - por vezes até incompreensíveis -, onde Falk e Cassavetes roubam o palco com uma química insuperável. Uma reflexão sobre o conceito de amizade, envolta em paranóia, sem os tiques tradicionais do género de gangsters - não há aqui glamour no estilo de vida ou mortes a torto e direito - mas com muitas incongruências no comportamento das suas personagens, principalmente da personagem de Cassavetes. Entre os dois craques sente-se a tensão, a sujidade das ruas e o ultrarealismo de alguém que sente o fim próximo - destaque para as cenas no bar ou no autocarro -, mas com outras personagens, principalmente as femininas, tudo descamba numa misoginia violenta sem qualquer tipo de sentido narrativo. Ainda para mais com uma mulher na cadeira da realização, num filme que teve dois anos a ser editado - rezam as crónicas que haviam mais de duzentas e cinquenta horas de fita para cortar.
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