Documentário vencedor da última edição dos Óscares, "
Summer of Soul" tenta explorar dois tipos de registo ao mesmo tempo: toda uma geração dourada e inesquecível de músicos negros e, noutra vertente, a ainda hoje pertinente abordagem em torno de direitos e obstáculos raciais que, na verdade, nunca foram ultrapassados, apenas readaptados a contextos e épocas diferentes. E, para mal dos nossos pecados, não consegue equilibrar os dois lados, interrompendo constantemente momentos musicais que mereciam manter-se virgens na sua beleza e raridade e, em (des)sintonia, examinando todo a faceta sociopolítica de forma tão cliché e banal que sentimos que nada de novo nos é revelado que já não tenha sido explorado em incontáveis outros formatos. Entrevistas para encher, com pouco ou nenhum relevo informativo, num documentário que desconfio que teria sido muito mais prazeroso se tivesse se reduzido ao seu grande trunfo: o concerto em si. As imagens e as músicas falariam por si próprias, num grande filme-concerto que se perdeu - e continuou perdido - no meio de tanta história.
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