"
O que é que o George Carlin teria a dizer sobre isto?", pergunto-me eu tantas vezes. Que saudades do seu sentido de humor negro único, todo aquele pessimismo e cinismo em torno de quase tudo o que envolvesse o ser humano. Rir na tristeza e no desespero, olhar para Carlin não apenas como cómico mas como um filósofo moderno ou até mesmo profeta de tanta desgraça que teima em repetir-se. Neste documentário de três horas da HBO dividido em dois episódios, seguimos a vida e a carreira de Carlin, a sua metamorfose não só enquanto humorista mas também enquanto homem, marido e pai. Dos problemas financeiros às discussões em casa, sem esquecer o álcool, as ganzas, a cocaína e o famoso espectáculo de stand-up em que foi preso por dizer as "sete palavras proibidas" em palco ("shit", "piss", "fuck", "cunt", "cocksucker", "motherfucker" e "tits"). Palavras que usou não tanto para chocar, mas para nos educar, como o tempo veio a provar. Um génio que tinha apenas merecido mais tempo de ecrã do seu irmão nesta homenagem - tanto de George que ainda estava neste Patrick, que entretanto faleceu também - e menos de Stephen Colbert, demasiado crente e religioso para aproveitar a essência existencialista de Carlin, o verdadeiro "não papa grupos" fossem eles de que género fossem. Judd Apatow, se calhar não era má ideia dedicares-te aos documentários.
Sem comentários:
Enviar um comentário