quarta-feira, julho 27, 2022

Charade (1963)

Como que um Hitchcock com distúrbios de personalidade, perdido entre o mistério whodunnit que nos agarra e a sua própria satirização. O thriller que se molda em todos os trejeitos habituais de uma qualquer comédia romântica, perdendo-se na estranha combinação entre dois nomes superlativos da grande tela, que brilham como poucos a sós mas que aqui parecem atrapalhar-se quase sempre que se aproximam. Culpa talvez da própria construção das suas personagens - a de Hepburn começa forte e independente, fragilizando-se inexplicavelmente sempre que a de Grant lhe lança um olhar -, que parecem nunca saber em que tipo de filme estão. É para ser charmoso ou perigoso? Femme fatale ou tontinha apaixonada? Tão baralhados como nós, chegamos ao fim, reviravolta atrás de reviravolta, com o único desfecho que restava. O Pimentinha tirou-lhe logo a pinta.

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