Tragédia de Shakespeare em forma de western spaghetti... francês. Que misturada improvável, que pedaço maravilhoso de cinema no seu estado mais puro. Vingança em modo catártico, num ciclo vicioso que nunca termina, constantemente a golpear valores morais na magnitude dos seus silêncios. Trabalho de excelência de Robert Hossein, tanto na realização como na pele áspera e nas expressões faciais e corporais do seu Manuel, o herói cinéfilo que eu precisava e não sabia. Uma sequência maravilhosa de quase dez minutos numa aldeia fantasma sem uma única palavra disparada, que culmina num frente-a-frente de olhares entre Manuel e Maria (Michèle Mercier), qual duelo repleto de histórias e arrependimentos. Fatalismo, o fim de uma era, a homenagem a um género e a um realizador que tanto admirava - há quem diga que Leone acabou mesmo por gravar uma das cenas-chave do filme. Intensidade emocional, complexidade motivacional, deleite visual. Sabe tão bem descobrir pela primeira vez uma obra-prima.
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