Toda a atmosfera de uma Viena pós-guerra fragmentada em várias zonas multinacionais captada na perfeição. Cinematografia belíssima a comprovar - como se fosse preciso - que não é preciso cores para dar vida a qualquer plano. A luz, as sombras, os ângulos de câmara desfasados, toda uma componente técnica e artística expressionista a fazer mover todo um mistério, uma história sobre amizades perigosas, paixões não correspondidas e todo o (des)equilíbrio de valores e princípios que ambas podem provocar. Papelão de Joseph Cotten - é ele, na minha opinião, e não o malandro do Orson Welles, quem mais brilha aqui -, que transforma toda uma cidade num lugarejo claustrofóbico, com a ousadia da sua busca pela verdade. A sonoplastia musical não me convenceu de todo - rezam as crónicas que foi amor à primeira audição de Carol Reed por um disco que passava numa café durante as gravações - nem alguns plot holes que parecem ter sido ignorados após a "grande revelação", mas nada lhe retira todo o valor estético de um thriller noir que marcou uma época.
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