Politicamente "
Octopussy" talvez até seja mais pertinente agora do que aquando da sua estreia: um general soviético com a mania da grandeza, farto de ver a sua nação a ser considerada uma potência em declínio. Bombas nucleares desactivadas a milissegundos da explosão, artistas de circo, elefantes, tigres, crocodilos telecomandados e uma série de peripécias extremamente atractivas - o carro sobre carris é tão simples quanto genial - de Bond encaixadas fora de tom numa das intrigas mais banais de toda a saga. Nada resulta neste guião desinspirado: das Bond Girls aos vilões de segunda linha, do ritmo sonolento que se prolonga para lá das duas horas com a bota que não bate com a perdigota. Falo, claro, de um Moore demasiado velho e cansado para ser credível enquanto herói de acção que salta entre carruagens e orquestra todo um sem número de acrobacias, lutas e corridas. Um conjunto desconexo e ilógico de set pieces, ora com Bond vestido de palhaço, ora de gorila, que não sabe se há-de ser sério ou pateta. Índia estereotipada ao máximo: camas de pregos, encantadores de serpentes, maluquinhos a andar sobre o fogo e cenas de rua filmadas em estúdio, não fossem os indianos cheirar a caril. E, claro, imagens do Tah Mahal aos pontapés, mesmo que o Taj Mahal estivesse a oitocentos quilómetros da cidade onde supostamente tudo acontecia. Música e créditos iniciais medíocres e Bond a usar um gadget para ver melhor as maminhas de uma colega. Afinal de contas, nem tudo podia ser mau.
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