Para muitos um dos piores Bonds de sempre, para mim o melhor de Moore. Um Moore antes do adeus definitivo à saga, com o prazo de validade a expirar, plastificado e maquilhado quase como se fosse um dos diabretes da "
Laranja Mecânica" de Kubrick, sem a característica verruga na cara nem pernas para qualquer tipo de acção corpo a corpo. Mas acaba por ser esse mesmo "cair no real" que acalma os devaneios patetas habituais da franchise no seu reinado, apoiando-se tudo numa história de espionagem industrial - o Goldfinger dos microchips - muito mais contida na sua execução, sem perder ritmo nem criatividade para continuar a surpreender: perseguições de cavalo, carros cortados a meio, saltos da Torre Eiffel, carrinhas de bombeiros com escadas soltas, os altos e baixos de São Francisco e a sua maravilhosa ponte ou elevadores em chamas. Não há química sexual que resista entre o avô Moore e qualquer uma das quatro Bond Girls - juro que senti Moore em pânico quando a musculada Grace Jones lhe saltou para a espinha -, ao contrário do que acontece na "dança marcial" entre Jones e o oxigenado Christopher Walken. Tema principal dos Duran Duran, mais um agente 00 morto, Bond a respirar ar de pneus debaixo de água e o uso mais desadequado de uma música dos Beach Boys de sempre. Vodkas Martinis, nem vê-los, não fosse o fígado de Moore queixar-se. Se não me engano, primeiro e único filme da saga em que Bond não mata ninguém; a PDI é tramada.
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