Como eu gosto do Filipe Melo. Da irreverência única de "
Um Mundo Catita", ao muito humano "
Sleepwalk", sem esquecer o Catatau desaparecido de "
O Homem que Gostava de Zombies", o nêsperiano dos sete ofícios tem, sem qualquer margem de dúvida após tantos projectos de qualidade e sucesso inegável, algo que o diferencia dos demais. Neste "
O Lobo Solitário", Melo apresenta-nos um longo plano sequência que passará como verdadeiro para muitos, qual Iñárritu que sabe esconder na perfeição todas as cartas marcadas que tinha na mesa - faltou-lhe o relógio no canto inferior esquerdo do computador. Uma câmera que não pára durante longos minutos até começar verdadeiramente a tensão, o estúdio de rádio que ganha vida própria na madrugada, o julgamento em directo das redes sociais, as conclusões imediatas de quem toma partido sem provas nem factos, a equipa técnica que não aparece nos reflexos e nas webcams que transmitem o programa online. Tecnicamente impressionante, sonoplastia de categoria - o tema quase Carpentiano de Melo e Paulo Furtado (The Legendary Tigerman)-, acting de primeira linha de Adriano Luz. Faltou mais credibilidade no desespero do pai - problema talvez mais do texto do que da performance vocal - e um final que fizesse justiça a toda a tensão criada até então. O "back to normal" não faz qualquer sentido perante a incógnita do que aconteceu no outro lado da linha - fosse o radialista de Luz culpado ou inocente do que era acusado. Ainda assim, Filipe, por amor da santa, atira-te lá a uma longa metragem!
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