A morte, aquele momento que segundo Voltaire juntava filósofos e imbecis no mesmo destino. Não é fácil abordar o tema, ainda para mais quando se trata do nosso próprio sangue, mas filha e pai fazem-no aqui com uma boa disposição apaixonante, principalmente de Dick Johnson, o homem que, vendo-se cada vez mais encurralado pelo envelhecimento e por uma doença que lhe come aos poucos e poucos a memória, decide alinhar em todos os desejos e brincadeiras da filha "realizadora". Mortes e funerais encenados, cenários complexos - no paraíso com Bruce Lee, Buster Keaton e Frida Kahlo à mesa, entre outros -, tudo e mais alguma coisa ficcionada para aliviar aquela sensação fulminante que paira sobre Kirsten Johnson que, mais dia menos dia, o pai como sempre o conheceu, divertido e apaixonante, desaparece. Em vida - demência - ou na morte. O que é mais curioso - ou talvez não - é que são as emoções genuínas, tudo o que é bem real, que nos aperta o coração, que nos provoca uma lágrima; e é exactamente toda a parvoíce simulada que aniquila uma cativante história de amor no seu estado mais puro: o que liga pais e filhos. O mecanismo criativo foi a desculpa para dar nas vistas; mas é no banal que está a verdadeira essência do sucesso deste "
Dick Johnson is Dead".
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