quarta-feira, janeiro 25, 2023

Los renglones torcidos de Dios (2022)

Não sei se haverá maior admirador em Portugal de Oriol Paulo do que eu. Dito isto, este "Shutter Island" wannabe produzido pela Netflix espanhola é demasiado longo, demasiado esforçado nas suas (in)esperadas reviravoltas narrativas e, mesmo tendo vários momentos de destaque e impacto a nível visual e interpretativo, acaba por se revelar uma desilusão tremenda tendo em conta a filmografia ímpar do realizador catalão. A ambiguidade/dúvida deixada no final manifesta-se como a estocada final para o público, numa história que ganharia claramente por uma decisão justificada e inteligente que colocasse a personagem de Bárbara Lennie com os dois pés - e todos aqueles cigarros - num dos lados da barricada - como aparentemente acontece no livro que deu origem a esta adaptação. Fica esse vazio, essa sensação de que nada foi respondido, de que falta uma segunda temporada, de que pouco do que aconteceu foi efectivamente planeado com engenho e mestria, mas antes uma sucessão de acontecimentos mais dependentes da sorte e do acaso do que de um plano orquestrado por uma mente brilhante... ou demente. Continuo aqui Oriol, mas deixa lá de tentar ser mais esperto do que aquilo que realmente és.

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