Mais do que uma ode a Nova Iorque - que o é, sem dúvida, através da cinematografia a preto e branco maravilhosa de Gordon Willis -, "
Manhattan" é uma ode ao ego e à personalidade de Woody Allen. Uma que veio a provar-se com o tempo ultrapassava mesmo a barreira da arte - quase que cheira a biopic -, com a "normalização" da relação entre um quarentão e uma miúda de dezassete anos; miúda essa que é a única pessoa decente numa história onde todos os adultos são corrompidos por paixões e neuroses, traições e más decisões. A Meryl Streep que o trocou por uma mulher, a Diane Keaton que prefere o fruto proibido, a belíssima da Mariel Hemingway que teve que submeter-se ao linguadão mais perverso da história do Central Park. Descoberto hoje, "
Manhattan" é mais do mesmo, mas o mesmo que se seguiria e que raramente o tinha sido. Pode ser injusto vê-lo e analisá-lo nesta perspectiva, mas a verdade é que Allen fez muito melhor, na mesma linha, posteriormente na sua carreira - vejamos o maravilhoso "
Whatever Works".
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