O conceito de duas obras irmãs que se complementam é ousado e raro até numa conjuntura internacional e a sua execução a nível técnico revela-se aparentemente imaculada entre momentos, diálogos e espaços que se cruzam e se misturam não só na intercepção dos dois filmes, mas dentro de cada um deles também. Mas se estivesse mais preocupado com a fluidez e o impacto da narrativa do que com a beleza dos planos muitas vezes vazios de conteúdo de Leonor Teles - ainda que lindíssimos na maior parte das vezes -, "
Mal Viver" teria facilmente menos meia hora de um sofrimento que pouco acrescenta às personagens mas que arrasta o espectador para um ritmo que fere a experiência cinematográfica e o proveito da complexidade das várias histórias relacionais que são exibidas e exploradas. Talvez esteja a ser injusto, mas a sensação que ficou é que Canijo preocupou-se mais com a forma do que com o conteúdo, com o crítico de cinema do que com o espectador.
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