terça-feira, dezembro 28, 2004

Intacto (2001)

Juan Carlos Fresnadillo, o Shyamalan de Espanha? Tal como em "Unbreakable", "Intacto" entra pelo caminho das profundezas da mente humana sobre invulnerabilidades, fragilidades e dotes. Esta é uma história sobre homens abençoados com a sorte e tudo o que de mais radical e dramático estão dispostos a fazer para se consagrarem como os melhores. "Intacto" é um filme que fala dessa estranha e inexplicável coisa que é a sorte como uma entidade invisível mas quase física, capaz de passar de corpo em corpo como um vírus desejado. É admirável como Fresnadillo cria um mundo muito próprio, com uma lógica interna e regras bem definidas que rapidamente parece fazer todo o sentido ao espectador que estiver disposto a aceitar o jogo. Há um certo ambiente de sonho que o Fresnadillo não ousa levar às últimas consequências, mas que consegue criar inquietação suficiente para que não o percamos de vista numa das suas próximas aventuras. De "Intacto" pode dizer-se que é daqueles filmes que promete muito mais do que aquilo que pode, objectivamente, cumprir. Louve-se a ambição. No entanto, sublinhe-se a frustração que fica depois de hora e meia de boas ideias em busca de uma épica resolução que acaba por não acontecer. Seja como for, vale a pena descobrir.

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