segunda-feira, maio 23, 2005

Mulholland Drive (2001)

Rita (Harring), procura a memória perdida, ao mesmo tempo que tenta perceber porque é que alguém anda à sua procura, com intenções de a matar. Betty (Watts), uma jovem mulher recém-chegada a Los Angeles, com intenções de se estabelecer como actriz, vai ajudá-la na investigação. Adam Kesher (Theroux) é um realizador de cinema a quem é imposta uma actriz para o papel principal do seu novo filme. A recusa tem consequências drásticas no seu bem-estar físico e económico. Mistérios insondáveis da mente humana – de Lynch ou de uma das suas personagens – envolvem o principal fluxo narrativo, adicionando ingredientes como um estranho cowboy, um night-club que, numa aparente redundância, encena o artificial ou sonhos de outrem, sobre o terror escondido nas sombras das traseiras de um café. Apesar dos contratempos em redor da criação de «Mulholland Dr.», o objecto finalizado, não denota a existência de quaisquer espécie de “remendos”, para quem o percebeu. Eu digo-o já que só o percebi depois de fazer uma extensa procura na Internet sobre o seu significado... e assim não vale! O estilo narrativo de David Lynch, fundado numa lógica que se recusa a distinguir o real do imaginado, aliado a uma estrutura que subverte a lógica linear temporal, polvilhado por flashbacks e flashforwards, visões, pesadelos, sonhos dentro de sonhos e abstracções sem aparente resolução, mostrou ser o ideal para tal conversão. A aparente impenetrabilidade do argumento resulta mais da desistência do espectador, eventualmente aborrecido com a lenta exposição, do que com uma real aleatoridade ou com “Lynch a armar-se em Lynch”. O levantar pleno da cortina também pode não ser desejável, pois o realizador prefere despejar pistas atrás de pistas, para que o espectador as recolha e tente formar a sua própria visão (coerente?) dos acontecimentos. No final, em vez de clarificar, Lynch deixa-nos a reflectir sobre o que vimos, enquanto tentamos amarrar o maior número de pontas soltas.

David Lynch compara música com cinema, ao afirmar não entender porque é que se aceita universalmente a abstracção no primeiro dos meios, mas existe uma necessidade premente de produzir filmes que não deixem dúvidas algumas na mente das audiências. «Mulholland Drive» funciona, desde modo, em dois níveis. O da forma e o do seu conteúdo. Por um lado, como um sonho, desfilando imagens e sons interligados sem lógica aparente, com uma ligação fugaz à realidade, ao que vivemos durante o dia; por outro, com uma trama “convencional”, adensando-se ao longo de dois terços do filme e com uma resolução não completamente clara. Lynch continua a revelar-se um mestre da manipulação sensorial, um mago da narrativa não-linear, que consegue, como ninguém, levar as câmaras até aos mais obscuros corredores da mente humana. Quando acabei de visionar o filme disse: Que "coisa" absurda. Depois de descobrir todos os engenhos e ideias que David Lynch escondeu no filme, pensei: Fantástico!!! Espetacular!!! Mas como o que conta é o meu "low" QI e a minha percepção do filme no momento, não posso afirmar que este filme entrou nas minhas futuras memórias cinéfilas. Só não percebo como é que todos amam este filme. Será que todos entenderam a sua complexidade no momento, ou é só porque dá ar de "gente culta" falar bem deste filme? David Lynch sabe que o filme é tão inexplicável quanto a própria vida. E aí está a vitória de "Mulholland Drive". A vitória dele e de todos os "pseudo-intelectuais" que dizem ter percebido de imediato o filme. Eu não o fiz e como tal, não gostei. Independentemente de depois de "estudar o caso", o ter percebido bem e amado a sua complexidade.


N.D.R : http://www.cinedie.com/mulhollandreal.htm para explicação do filme.

3 comentários:

Anónimo disse...

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Cataclismo Cerebral disse...

A primeira vez que o vi fiquei um pouco desnorteado (já sabia que assim seria, até porque sou um grande fã da obra do Lynch). Mas sinceramente continuei a pensar no filme durante algum tempo e decidi revê-lo. Quando comecei a juntar as peças do puzzle apercebi-me do quão interessante é e da sua imensa qualidade cinematográfica. É uma obra inspirada, magnetizante e uma crítica feroz, mas também subtil, aos meandros de Hollywood. Tornou-se um dos filmes da minha vida, sem sombra de dúvida.

Abraço

Carlos M. Reis disse...

Tenho que admitir que não vou à bola com Lynch...

Um abraço CC!

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