sexta-feira, outubro 13, 2006

Little Miss Sunshine (2006)

Finalmente um filme totalmente dominado pelo seu argumento. E de que fala “Little Miss Sunshine”? O filme retrata a importância da família, mas apresenta-nos uma família disfuncional. Fala-nos do sonho americano mas apresenta-nos a um conjunto de falhados. Acompanha uma viagem pela América mas dentro de uma carrinha Volkswagen que só pega de empurrão. É um filme sobe férias em família mas onde existem apenas sonhos esmagados e corações partidos.

Com um elenco assustadoramente eficaz, da personagem mais nova, Olive ( a prometedora Abigail Breslin) - pequena mas com grandes sonhos e elo de ligação entre toda a família - ao velho resmungão e drogado Edwin (Alan Arkin), todos se entrelaçam com uma extravagante e apeladora quimíca. Steve Carrell é um autêntico pequeno génio da comédia intíma e inteligente, Kineear cumpre o papel do costume, Dano é eficiente enquanto existencialista mudo e competente enquanto jovem problemático e Collette uma boa surpresa. No que concerne à realização da dupla estreante Dayton/Faris, podemos afirmar que não comprometem o belissímo guião de “Little Miss Sunshine”. Seguem à regra o “livro” de instruções e deixam a “simplicidade complexa” do argumento triunfar. Assim sendo, julgo que o mais justo é mesmo mencionar o nome de Michael Arndt, argumentista de “Uma Família à Beira de um Ataque de Nervos”.

Numa reinvenção do género familiar, perto do fim somos totalmente arrebatados para uma das mais célebres conclusões cómicas dos últimos anos. Pessoalmente, ri que nem uma criança devido a momentos totalmente inesperados, quando estamos completamente inclinados para o típico “happy ending” em que tudo corre bem e a personagem brilha acima de qualquer outra. Uma pérola brilhante e singular, no meio de tanto lixo cómico com que temos sido bombardeados nos últimos anos. Obrigado pequena Olive.

Não querendo ser moralista, este “Uma Família à Beira de um Ataque de Nervos” é um filme sobre a importância, a função e o valor da família. Um filme que observa uma família excêntrica e aparentemente improvável, mas que revela ter muito de normal. Integrados na cultura americana do sucesso, sofrendo a pressão do seus próprios insucessos, os Hoover vivem à beira da implosão como família, chocam, discutem, detestam-se, mas acabam por encontrar uns nos outros, o apoio para lidar com a incerteza da vida. Um filme que oscila céleramente entre a comédia e o drama, entre o riso e as lágrimas. Espero, honestamente, que seja laureado com um Óscar.

8 comentários:

P.R disse...

Caro Knoxville

Estamos sem dúvida perante um grande filme :) Eu já tinha avisado :P Agora tenho que discordar numa pequena coisita :P Collete não foi uma surpresa mas sim uma confirmação :P É das melhores actrizes do momento, com uma escolha criteriosa e acertada dos seus papéis :D

Carlos M. Reis disse...

Caro P.R, só conhecia Collette do Sexto Sentido e do The Last Shot, com papéis pouco profundos. Por isso disse que era uma confirmação, não tive oportunidade de ver o seu desepenho noutros filmes. Um abraço.

Cara Helena, eu também teria dado o 4,5 mas não o tenho. Sairam as cinco estrelas, também não lhe fica mal. Não chorei (de tristeza, porque no fim, vieram-me as lágrimas aos olhos de tanto rir) mas a minha namorada ficou com alágrima no olho. Beijinhos.

Francisco Mendes disse...

Raios!! Que inveja.
Só lá para o fim da semana que vem é que tenho uma vaga para o espreitar...

Salivo por isto...

Abraço!

MPB disse...

Sem duvida é prodigioso ver num ecran uma construção tão profunda, personagens com passado que se estende até ao presente.
Todo o elenco é fantástico, as ideias são frescas e o resultado fantástico.

Cumprimentos

Carlos M. Reis disse...

Mais vale tarde que nunca Francisco. Um abraço!

Ne-to, nem mais. Obrigado pela visita.

Cumprimentos!

Hugo disse...

Se não tiver Óscar só se prova uma de duas coisas: ou que o filme vencedor é genial ou que a Academia é cega e parva.

Carlos M. Reis disse...

Eu nem falo do óscar principal, o de melhor filme, mas pelo menos um secundário. Acho que seria justo, já a partida.

Cumprimentos Hugo.

Anónimo disse...

Muito bons comentários e excelente compreensão do filme. Percebeu muito bem que esta família de disfuncional (como se tem escrito por aí) não tem nada.
É que excentrico é muito diferente de disfuncional.
Ana Cláudia

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