quinta-feira, março 29, 2007

Maria Full of Grace (2004)

Maria Alvarez (a estreante Catalina Sandino Moreno) de 17 anos, vive com pais, irmãos, tios e avós numa apertada e pobre casa na Colômbia. Triste mas cheia de ilusões, está determinada a escapar ao entorpecido quotidiano da sua vila e desta forma, decide aceitar uma oferta que poderá mudar a sua vida: carregar consigo droga até Nova Iorque. Mas longe da viagem rotineira que lhe tinha sido prometida, Maria é levada para o perigoso e implacável mundo do tráfico de droga numa missão de sobrevivência, que ela terá de cumprir para abraçar os seus sonhos.

“Maria Cheia de Graça” é um filme que aborda um assunto sério, de uma forma demasiado séria. Sem “rodriguinhos” que desviem a atenção do espectador da trama principal, Joshua Marston acaba por prometer muito mais do que realmente oferece. A abordagem de que “a Vida é um jogo sujo” não é primordial, e faltam por isso à obra elementos que projectem a simplicidade mundana da história invés da simples aposta em filmar as expressões e sentimentos de Catalina Moreno durante todo o filme. Não há salvação nem perdição, mas sim um ser humano com uma esperança hipnótica no qual Marston aposta toda a profundidade da narrativa. E com isso, dá um passo em falso, pois “Maria Full of Grace” acaba por ser uma obra demasiadamente descritiva, além de excessivamente focada numa só personagem. Por assim dizer, uma realidade social demasiado... real, com mais interesse documental do que cinematográfico.

7 comentários:

Carlos M. Reis disse...

Ao reler o que escrevi, é facilmente perceptível que as mesmas razões pelas quais não "fui à bola" com o filme, podem ser exactamente as mesmas razões pelas quais alguns de vós podem ter adorado o filme.

Cumprimentos!

P.R disse...

Bem... nesta questão estamos totalmente de acordo! O filme foi muito bem recebido em Portugal e a sua protagonista foi nomeada ao Oscar de forma inexplicável! O filme cumpre sem grandes brilhantismos e sem nenhum rasgo de génio. É uma obra amorfa, estática e insípida! oK... Acho que já se percebeu que não fui muito à bola com o filme! :P

Grande abraço!

Anónimo disse...

Pois eu discordo em absoluto... Se mais méritos não tivesse, conta com uma daquelas interpretações arrepiantes que já tornariam o filme numa obra a ver. Mas tem mais, o realizador sabe contar esta história de forma interessante, sem forçar pontos de vista, é hábil atrás da câmara e sabe como gerar uma envolvente tensão dramática com algumas cenas asfixiantes. Gostei muito, pronto.

Carlos M. Reis disse...

Pedro, penso o mesmo. Percebo as razões da aceitação geral, mas não me apanhou no dia certo. Dizer que aborda um assunto sério de forma demasiado séria até parece crime, mas foi a disposição que tive na altura. Um enorme abraço!

Gonçalo, li a tua crítica antes de escrever esta inclusivé. Não estou de acordo contigo na interpretação, acho que foi demasiado sobrevalorizada. O restante foi como disse, as mesmas razões tanto dão para um lado como para o outro. Um abraço.

Bracken disse...

Não me parece que o realizador de "Maria Cheia de Graça" prometa muito mais do que oferece, como escreveu. Aliás, se excluirmos o estilo de filmagem, pouco ou nada há de documental neste filme. O que seguimos é muito mais do que um desfilar de acções, num determinado local, a base de qualquer documentário. Pelo contrário, é-nos permitido entrar na mente de uma personagem, sem contemplações, nem juizos de valor. "Maria Cheia de Graça" é um grande exercício cinematográfico e de argumento. Não consigo sequer esquecer aquelas imagens de uma Nova Iorque caótica, de vendedores ambulantes e lojas colombianas, tão diferente e tão semelhante à terra de Maria.

Anónimo disse...

Ó caro Knoxville, então o documental não é cinematográfico desde quando? ;)
De qualquer maneira, este foi um filme que gostei bastante, precisamente pela forma dura e humana como a história foi contada, tudo concentrado numa personagem e numa acção limitada no tempo como exemplo de explanação de um quadro bem mais vasto.
E a Sandino Moreno é uma coisa fabulosa. Não só aqui. A sua forma tão arrepiantemente real de representar quase me faz interrogar se não será ela a herdeira de um certo neo-realismo (ao invés de Penélope Cruz, que em Volver foi tão descabidamente comparada com a Magnani).

Carlos M. Reis disse...

Brecken e Helena, percebo claramente o que dizem e foi uma questão de ter apanhado o filme no dia errado. Consigo detectar tudo o que escreveram, e mesmo assim, ao contrário de tantas outras vezes, não conseguir retirar prazer nem satisfação das mesmas. Quanto ao documental/cinematográfico, foi no sentido de ritmo/realidade.

Cumprimentos aos dois, obrigado pela visita :)

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